Ora, ora, ora...
Depois de dizer tudo o que disse, de afirmar tudo o que afirmou, não é que Ciro, o transgênero político saiu mais uma vez do armário.
O candidato “veja bem”, cheio de retórica estatística, com um nítido e inegável narcisismo e cheio de autoelogios, rasgou o CPF.
Ou melhor, coloriu de vermelho a desbotada biografia.
Depois de colher uma espalhafatosa derrota nas urnas, o “coroné” mais uma vez seguindo as regras da sua bipolaridade explosiva, fez tal qual a patativa ao anoitecer: mudou de canto e empoleirou-se.
Que Ciro é uma biruta de aeroporto – o Brasil inteiro sabia!
Mas que renunciaria à própria dignidade depois de tê-la defendido tanto no curso da campanha, surpreende a todos.
Ciro tem por Lula uma espécie de Complexo de Édipo político com sentimentos de ambivalência de amor e ódio.
No início de cada embate eleitoral o político que mais migrou de partidos no Brasil, percebe Lula como se fosse seu pai e o poder a sua mãe.
Então, assim como em Édipo Rei, quer ter o poder só para si e tem desejo íntimo de eliminar Lula tendo o descondenado como um grande inimigo.
Já na fase mais evoluída, Lula segue sendo uma ameaça real aos desejos e fantasias de Ciro de buscar o poder.
Mas chega uma hora que sente que não pode controlar nem contrariar os comandos íntimos de atração para enfrentar a figura de Lula que impede a consumação da sua fantasia de ter o poder só para si.
Da boca para fora, critica o descondenado, mas intimamente se submete a um freio tipo assim: “cuidado que seu pai (Lula) pode brigar com você” e “vou chamar o seu pai (Lula) para dar um jeito em você”.
Por isso vemos tantas vezes Ciro achincalhando Lula, mas sempre encerrando suas frases com uma ressalva, que é o tal do “veja bem”!
- “Lula é chefe de quadrilha! Mas veja bem, é um líder carismático!”
- “Lula é o maior ladrão da história do Brasil! Mas veja vem, é um democrata!”
- “Lula é um traidor do povo brasileiro! Mas veja bem, fez muito pelos pobres!”
- “Lula mentiu para o povo brasileiro! Mas veja bem, no é um ladrão simpático!”
Na terceira fase, quando cai na realidade de não ser líder de nada nem de ninguém, a não ser da sua própria ambição fantasiosa, Ciro finalmente se senta do colo do papai Lula e passa a ser o menino obediente que nunca cresce.
Ai entra outro complexo, que é o de Peter Pan.
Na verdade, o que Ciro sonha e busca é exatamente o que recebe de Lula.
Migalhas afetivas e falso prestígio político.
Aquele aceno barato que assistimos o meliante fazer ao candidato que nunca vence no debate da Globo e que fez o cearense quase soltar um grunhido de felicidade e bater os pés de alegria.
- “Ciro, a gente ainda vai conversar!”
Pronto! Ciro quase fez xixi nas calças e soltou um sorriso de alívio. É que o corpo fala!
O que o menino que faz as vezes de moleque travesso e prodígio quer na verdade é só um afago para não se sentir desprezado.
E esse amor mentiroso, que antigamente (quando não havia o politicamente correto) os mal-educados chamavam de amor de “mulher de polícia” traduz e satisfaz plenamente o minúsculo Ciro.
O cearensezinho segue sendo o que sempre foi: uma marionete submissa que nunca quis o poder, mas somente gravitar no seu entorno, tal qual as moscas procurando os dejetos nas fezes.
Pensa ser uma estrela de primeira grandeza, quando não passa de uma pomboca de pescador de camarão.
Se fosse escolher um tema musical para esse enredo, seria “rebola bola” que fez sucesso na voz de Carmen Miranda no século passado.
E assim acaba mais uma vez a mesma peça neste já repetitivo teatro de operações políticas, com os mesmos personagens e o mesmo enredo de sempre.
Ciro, o eterno corno, sendo a tchutchuquinha sentadinho mais uma vez no colo do gigolô barato na esperança de ser feliz.
E nesse “rebola bola” tem um montão de gente boa que ainda acredite neles.
Tenho certeza absoluta que Lula e a petezada vai rir muito quando ler esse texto, que também sei, vai viralizar nas mídias sociais.
Veja bem agora você, paciente leitor: não é coisa para psiquiatra experiente?
João Navarro. Escritor.