Decreto de Lula deixa atletas de tiro sem munição para treinar


Um decreto sobre armas de fogo e munições editado pelo governo Lula (PT), ainda no primeiro dia de 2023, tem afetado o treinamento de atletas de tiro que se preparam para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, e para outras competições importantes. O motivo para isso é a revogação de normas criadas sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os atletas de tiro se encaixam na legislação como CACs – sigla para colecionadores, atiradores e caçadores – mas também possuíam, sob Bolsonaro, privilégios pelo fato de terem o esporte como profissão. Durante o governo anterior, os CACs tiveram acesso facilitado a armas e munição, o que foi alterado com a edição do decreto no primeiro dia do governo Lula.

Até dezembro do último ano, um atirador esportivo que comprovasse ser atleta de alto rendimento poderia adquirir até 5 mil munições anualmente, com flexibilidade para adquirir uma nova leva caso a anterior fosse utilizada. Com a mudança, esse número caiu para 600 munições ao ano. Vale ressaltar que um treino consome entre 200 e 400 munições.

Outra alteração está no fato de que os clubes não conseguem mais comprar munição para revenda em competições. Antes, um atirador podia levar só a arma até um evento, adquirindo no local a munição utilizada na prova. Com a mudança, ele precisa viajar transportando a munição que usará.

A situação fez com que entidades do setor esportivo se reunissem nesta terça-feira (7) com o secretário nacional de Segurança, Tadeu Alencar, para levar os pleitos dos atletas de alto rendimento. O presidente da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE), Jodson Edington, destacou que as mudanças nas regras afetam diretamente a preparação dos atletas para eventos importantes.

– O Emerson Duarte, que está na equipe que vai para os Jogos Pan-Americanos e compete na pistola de tiro rápido, dá de 200 a 400 tiros por dia de treinamento. No caso dele, ele até tem estoque do ano passado, mas, para poupar para as competições, ele acaba não treinando – disse.

O setor também reclama que não foi incluído no grupo de trabalho criado pelo decreto para regulamentar o Sistema Nacional de Armas.

– A única entidade do terceiro setor incluída foi a Sou da Paz, que é ativista, que é contrária às armas, tem que participar mesmo, mas precisa ouvir o que têm a dizer as entidades esportivas. Isso é descaso com esporte medalhista olímpico. Estamos muito decepcionados – completou Edington.

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