O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem causando preocupações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), nos últimos dias. A onda de invasões realizadas pelo movimento tem prejudicado o calendário previsto para o anúncio da retomada das políticas de reforma agrária no país, segundo publicação do jornal Folha de S. Paulo.
O presidente teme que as ações do MST causem desgaste para o governo, especialmente com o agronegócio, e por isso convocou uma reunião com ministros para tentar debelar a crise.
Além disso, há receio de que esse movimento atrapalhe o andamento de outras pautas de interesse do governo, como a aprovação da medida provisória que transfere a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, saindo da pasta da Agricultura.
Integrantes do governo que mantêm diálogo com o MST criticam as invasões e argumentam que a iniciativa pode ter o efeito contrário, atrasando a retomada de políticas de reforma agrária no país. Enquanto lideranças petistas afirmam que o MST sempre foi um parceiro importante do partido, mas reclamam da postura adotada desde o início do terceiro governo Lula.
Nas conversas com o governo, o MST argumenta que é papel do movimento pressionar para que a reforma seja uma prioridade de fato do Executivo. Membros do movimento fazem uma comparação com a postura adotada pela militância do PT e pela presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR), que tem pressionado o Executivo, principalmente a equipe econômica, a não adotar medidas de austeridade fiscal com o objetivo de forçar o governo a ter uma postura mais à esquerda.