O Globo critica encontro informal de Lula com ministros do STF e líderes políticos em Brasília
Em uma reunião informal realizada no Palácio da Alvorada na última sexta-feira, 26, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu diversas personalidades de destaque, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), líderes partidários e ministros de Estado. No entanto, o colunista Merval Pereira, em sua coluna no jornal O Globo, expressou duras críticas a esse evento.
Pereira destacou que encontros informais entre ministros do STF, políticos, advogados e empresários são frequentes em Brasília, mesmo envolvendo pessoas que enfrentam processos que podem ser julgados pela Suprema Corte. Para o colunista, essa regularidade não é surpreendente.
Um dos principais temas discutidos durante a reunião foi a recente mudança na política ambiental do governo, que resultou em uma derrota para Lula e sua equipe ministerial no Congresso na semana anterior. Mesmo havendo a possibilidade de o caso ser levado ao STF, os ministros compareceram ao encontro, segundo Pereira.
Entre os magistrados presentes estavam Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. O colunista comentou que Moraes e o ministro Luis Roberto Barroso já foram rivais de Mendes em manobras políticas nos bastidores. Pereira ressaltou que essa interação entre políticos e magistrados é comum em Brasília, embora em outros países seja realizada com maior discrição.
No artigo, o jornalista também enfatizou o papel influente de Alexandre de Moraes em Brasília, apesar de suas ações serem bastante polêmicas. Moraes teve participação crucial na nomeação de dois juízes para o STF em um curto período de tempo. Segundo Pereira, após um almoço com o presidente Lula, os dois advogados foram nomeados. Essa situação confere a Moraes um controle significativo sobre o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tornando-o um importante jogador no cenário político da capital federal.
O colunista também mencionou que, mesmo antes de indicar os dois advogados associados a ele, Moraes já havia conseguido uma condenação unânime do ex-promotor da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, que perdeu seu mandato de deputado federal no TSE. Pereira ressaltou que Moraes conduziu uma votação rápida e sem divergências para fortalecer o tribunal, apesar de um ministro ter prometido votar a favor de Dallagnol, mas ter mudado de ideia posteriormente.
O encontro informal no Palácio da Alvorada levantou questionamentos sobre a relação entre o poder Executivo e o Judiciário, além de suscitar debates sobre a discrição das interações entre políticos e magistrados em Brasília. A crítica contundente de Merval Pereira traz à tona a influência e as ações controversas de Alexandre de Moraes, assim como a discussão sobre a nomeação de juízes e o fortalecimento do TSE. Esses eventos repercutem no cenário político nacional e alimentam o debate sobre a separação de poderes e a imparcialidade do Judiciário.