O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) é quem deve dar explicações sobre suposta venda de decisões judiciais. Ele deu declarações à CNN Brasil, que irá exibir a entrevista nesta terça-feira (9). O conteúdo foi antecipado pelo jornal Folha de S.Paulo.
– Não nos falamos. Na verdade, nessa idade em que estou, com a experiência que eu acumulei, até os inimigos eu tenho que escolher. Eu tenho que escolher as brigas. (…) Encaminhei o assunto ao Ministério Público, que houve por bem fazer uma queixa, uma denúncia contra Sergio – disse Gilmar Mendes.
Sergio Moro foi denunciado à Suprema Corte pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por calúnia contra o ministro.
Em abril, circulou nas redes sociais um vídeo de oito segundos, no qual Moro aparece falando acerca da possibilidade de comprar um habeas corpus do ministro.
Na gravação, Moro foi visto em tom amistoso e descontraído, respondendo a uma mulher que não aparece nas imagens, mas que se dirige ao ex-magistrado dizendo: “Tá subornando o velho”.
– Não, isso é fiança. Instituto. Pra comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes – disse Moro sorrindo, recebendo um copo com uma bebida não identificada.
CÁRMEN LÚCIA NOTIFICA MORO
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou prazo de 15 dias para o senador apresentar explicações acerca de suas falas sobre Gilmar Mendes.
Em seu despacho, Cármen solicita que a Secretaria Judiciária notifique “pessoalmente” Sergio Moro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-juiz da Lava Jato em 17 de abril.
A denúncia foi apresentada pela vice-PGR Lindôra Araújo e toma como base o vídeo em que Moro aparece, em tom amistoso e descontraído, falando sobre “comprar habeas corpus” de Gilmar Mendes.
No entendimento dela, o parlamentar “agiu com a nítida intenção de macular a imagem e a honra objetiva do ofendido, tentando descredibilizar a sua atuação como magistrado da mais alta Corte do país”.
A defesa de Moro garante que o senador “se manifestará no prazo legal e na forma da lei após ser notificado do despacho da ministra Carmen Lúcia”.