Celular de ex-assessor de Bolsonaro revela indícios de plano de intervenção militar, afirma PF


PF encontra plano de intervenção militar no celular de ex-auxiliar de Bolsonaro


Uma descoberta chocante veio à tona nesta quarta-feira (7) com a revelação de que a perícia no celular apreendido do tenente-coronel Mauro Cid, braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro, encontrou uma minuta para decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e um estudo que buscava dar suporte a um golpe de Estado com intervenção militar. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo, despertando preocupação e levantando questionamentos sobre a estabilidade democrática no país.


A GLO é uma operação militar que permite ao presidente convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública. No contexto político atual, essa descoberta ganha ainda mais relevância, pois sugere que Bolsonaro estaria cogitando a possibilidade de utilizar as Forças Armadas para se manter no poder, mesmo após uma derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva.


Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo, relata que Mauro Cid foi conduzido à sede da Polícia Federal em Brasília para prestar depoimento sobre essas novas evidências. No despacho que autorizou o depoimento, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que Cid "reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado".


De acordo com a jornalista, o material encontrado trata da possibilidade de empregar as Forças Armadas em caráter excepcional para garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União. Essa descoberta levanta preocupações sobre a intenção de interferência no equilíbrio de poderes e na independência do Judiciário.


Durante o depoimento de Cid, a PF buscou obter informações sobre quem preparou os estudos e para quem eles estavam sendo compilados. Por enquanto, não há indícios de que esse material tenha sido compartilhado diretamente com Bolsonaro por meio do celular de Cid.


As mensagens trocadas entre Cid e o sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, que também está preso, foram fundamentais para a descoberta desse plano de intervenção militar. Essas mensagens estavam relacionadas à investigação de fraudes nos cartões de vacinação contra a Covid-19, que envolviam diversas pessoas, incluindo Bolsonaro e sua filha Laura.


Os novos indícios encontrados pela PF indicam que esse grupo de auxiliares de Bolsonaro estava envolvido em preparativos para um golpe de Estado. Em áudios já divulgados pela imprensa, Cid e o ex-major Ailton Barros discutem com o coronel Elcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, sobre como mobilizar o comandante do Exército para esse propósito.


A PF também está analisando outras mensagens em que Cid e Reis trocam ideias sobre como convencer outras autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a GLO. Essas mensagens foram compartilhadas em dezembro e estão relacionadas aos atos de 8 de janeiro, que visavam uma intervenção militar.


Além disso, a PF investiga a possibilidade de que o plano fosse editar um decreto de GLO e, posteriormente, utilizar a "minuta do golpe" encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Esse documento previa a criação de um "estado de defesa" no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e concedia poderes a Bolsonaro para interferir na atuação da corte, o que é considerado inconstitucional.


Essa descoberta reforça a importância da investigação em curso e a necessidade de preservação da democracia e das instituições. A sociedade brasileira aguarda respostas sobre a extensão desse plano de intervenção militar e os envolvidos nesse processo, enquanto se mantém vigilante diante de qualquer ameaça à ordem constitucional.

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