Ex-ministro do GSI de Lula é acusado de manipular relatório sobre riscos de distúrbios e invasões a edifícios públicos, revelam documentos da Abin
Documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entregues ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e apresentados a membros do Congresso Nacional na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) monstram que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula, sob a liderança do general Gonçalves Dias, teria modificado um relatório inicial, omitindo informações vitais sobre os crescentes riscos de distúrbios e invasões a edifícios públicos.
Fontes parlamentares confirmaram ao jornal O Globo que duas versões do relatório da Abin mostram discrepâncias significativas. O relatório inicial, entregue em 20 de janeiro, omitia os alertas enviados para o celular do ministro entre 6 e 8 de janeiro, alertas esses que foram incluídos em uma versão posterior do relatório, entregue em 8 de maio, quando o GSI estava sob nova liderança.
Essas duas versões do relatório da Abin foram divulgadas à CCAI, uma por solicitação da própria comissão e a outra por ordem do juiz Alexandre de Moraes em resposta a um pedido da Procuradoria-Geral da República.
Na versão mais recente do relatório, constam 11 alertas enviados para o celular do Ministro Dias, destacando o "risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades". A evidência desses alertas contradiz o testemunho do ministro à Polícia Federal, em que negou ter recebido tais avisos.
O fato de a versão inicial do relatório não incluir os alertas deixou investigadores da Polícia Federal e membros da própria Abin perplexos, que não tinham conhecimento de que o relatório apresentado ao Congresso havia sido modificado.
A análise comparativa dos documentos agora revela a razão pela qual Dias negou ter recebido qualquer aviso. No entanto, a manipulação desses relatórios oficiais é potencialmente um foco principal para a investigação do Congresso sobre os eventos de 8 de janeiro, que já acumula centenas de pedidos para ouvir autoridades relacionadas ao incidente e outras solicitações de quebra de sigilo.
Muitos desses pedidos foram feitos pela oposição, com o General Dias sendo o alvo principal, com 13 pedidos solicitando sua convocação.