Operação da PF mira aliados de Lira por desvios de recursos no FNDE


Operação da PF e CGU investiga desvio milionário de verbas do FNDE em Alagoas envolvendo kits de robótica e tem potencial de atingir aliados políticos


A Polícia Federal (PF) e a Controladoria Geral da União (CGU) deflagraram, nesta quinta-feira (1º/6), uma operação para investigar uma possível organização envolvida no desvio de verbas do Fundo Nacional da Educação (FNDE) por prefeituras de Alagoas na compra de kits de robótica para escolas dos municípios envolvidos no esquema. Os órgãos apuram possíveis crimes de superfaturamento, desvios milionários de verbas públicas federais, lavagem de dinheiro e organização criminosa no Fundo por meio de emendas parlamentares.


Na operação desta quinta-feira, que tem o potencial de atingir aliados de importantes políticos do estado nordestino, realizou a prisão temporária de duas pessoas em Brasília e cumpriu mandados de busca e apreensão em 24 endereços nos estados de Alagoas, Pernambuco, São Paulo e no Distrito Federal. Também foram apreendidos bens móveis e imóveis de 27 investigados, que, juntos, têm o valor de R$ 8.097.606.


De acordo com as investigações dos órgãos, o FNDE destinou recursos a diversas prefeituras de Alagoas para a aquisição de equipamentos de robótica educacional, que teriam sido comprados por meio de processos de licitação viciados, quase sempre por meio de uma única empresa, com valores superfaturados.


A empresa citada nas investigações, revelada pela Folha de São Paulo em abril de 2022, é a Megalic, que está em nome de Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD). Edmundo e João têm proximidade com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e a ligação entre os três é pública. A operação foi deflagrada um dia após um dos maiores embates de Lira com o governo Lula, para a aprovação da Medida Provisória da Esplanada, que definiria se o desenho dos ministérios atuais continuariam em vigor ou seria dissolvido.


A investigação visa esclarecer a participação de autoridades políticas e seus aliados na suposta organização criminosa envolvida no desvio de verbas do FNDE. As suspeitas recaem sobre o superfaturamento dos kits de robótica, bem


 como a realização de licitações direcionadas e a lavagem de dinheiro através de emendas parlamentares.


Os mandados cumpridos durante a operação buscaram a obtenção de provas que possam fortalecer a apuração dos crimes em questão. A apreensão de bens móveis e imóveis relacionados aos investigados indica o valor expressivo envolvido no esquema.


O caso ganha ainda mais relevância por envolver aliados políticos importantes, colocando em evidência as relações obscuras entre empresários, políticos e órgãos públicos. A ligação entre a empresa Megalic, de Edmundo Catunda, e o vereador João Catunda, próximo de Arthur Lira, gera questionamentos sobre a influência política na destinação de recursos públicos.


A investigação prosseguirá com a análise do material apreendido, interrogatórios e aprofundamento das evidências. A expectativa é que novas revelações possam surgir, atingindo mais indivíduos envolvidos no esquema de desvio de verbas do FNDE.


O desenrolar desse caso terá implicações políticas significativas, com potenciais consequências para os envolvidos e para o cenário político do estado de Alagoas. A sociedade aguarda respostas e medidas rigorosas para combater a corrupção e garantir a correta aplicação dos recursos destinados à educação.

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