Advogado indicado por Lula ao STF recebeu R$ 2,9 milhões em repasses do PT e campanha eleitoral
O advogado Cristiano Zanin Martins, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), está no centro de uma polêmica envolvendo repasses financeiros do partido e da campanha presidencial de Lula. Segundo informações divulgadas nas prestações de contas enviadas pelo PT à Justiça Eleitoral, Zanin recebeu um total de R$ 2,9 milhões nos últimos quatro anos.
Os repasses do PT tiveram início em setembro de 2019, dois meses antes da libertação de Lula da prisão em Curitiba, onde o ex-presidente permaneceu detido por 580 dias. Desde então, o partido transferiu mensalmente a quantia de R$ 46.925 para os escritórios de advocacia nos quais Zanin atuava.
Inicialmente, os repasses eram direcionados ao escritório Teixeira, Martins e Advogados, do qual Zanin fazia parte juntamente com seu sogro, Roberto Teixeira, que é compadre de Lula. Posteriormente, Zanin deixou a sociedade e abriu um novo escritório com sua esposa, o que gerou uma disputa judicial em relação a honorários milionários.
Esses repasses do PT para os escritórios de Zanin perduraram até agosto de 2022, dois meses antes das eleições presidenciais do ano passado. Ao longo dos quatro anos, o valor total transferido foi de R$ 1,712 milhão, sendo dividido anualmente da seguinte maneira: R$ 187,7 mil em 2019, R$ 516,8 mil em 2020, R$ 516,1 mil em 2021 e R$ 491,8 mil em 2022.
Entretanto, o fim dos repasses do partido não significou o fim da relação entre Zanin e os petistas. No mesmo mês em que deixou de receber do PT, o advogado firmou um contrato com a campanha presidencial de Lula, o que lhe rendeu mais R$ 1,2 milhão pelos serviços prestados durante o pleito.
Os dados apresentados nas prestações de contas da campanha de Lula revelam que o contrato foi assinado em 16 de agosto de 2022. Os pagamentos foram realizados em duas transferências de R$ 600 mil, uma em 19 de agosto e outra em 20 de setembro do mesmo ano.
Esses valores têm gerado controvérsia e alimentado debates sobre a independência e imparcialidade de Zanin, uma vez que sua indicação ao STF por parte de Lula coloca em questão possíveis conflitos de interesse e ligações estreitas com o partido político.
É importante ressaltar que a indicação de Zanin Martins para o Supremo Tribunal Federal ainda depende do processo de avaliação e aprovação pelo Senado Federal. A divulgação desses repasses financeiros levanta questionamentos sobre a conduta do advogado e pode impactar o desenrolar desse processo.