Ex-diretor da Abin mentiu onze vezes em depoimento à Polícia Federal
No dia 8 de janeiro, a invasão ao Palácio do Planalto chamou a atenção do país e do mundo. Agora, novas informações surgem sobre o envolvimento do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Gonçalves Dias (GDias) no episódio.
De acordo com a coluna de Paulo Cappelli, do Metrópoles, GDias mentiu onze vezes em depoimento à Polícia Federal sobre o ocorrido. Uma das mentiras mais flagrantes foi afirmar que não sabia de protestos radicais previstos para o dia 8. No entanto, a própria coluna mostrou que GDias enviou à Abin, em 6 de janeiro, uma convocação em "grupos patriotas" para o fechamento dos Três Poderes.
Além disso, GDias também mentiu ao dizer que não tinha conhecimento se a Abin monitorava o acampamento em frente ao QG do Exército na véspera das invasões. Havia monitoramento e GDias recebia atualizações constantes em seu celular pessoal.
Outra mentira foi alegar que não tinha ordenado monitoramento das manifestações. Ele próprio enviou ao diretor da Abin, Saulo Moura, mensagens sobre o risco das manifestações. Saulo, por sua vez, disse que prosseguiria com os relatórios.
GDias mentiu ao dizer não ter recebido relatório sobre o aumento de fluxo de ônibus em Brasília. Um relatório exatamente com essas informações foi enviado ao então GSI na manhã de 7 de janeiro.
Mentiu ao afirmar que só teve conhecimento dos alertas enviados pela Abin quando elas foram enviadas ao Senado. Como já mostrado, GDias recebeu os relatórios e pediu à Abin excluísse seu nome da lista de autoridades avisadas.
Essas mentiras são facilmente comprováveis pelos registros encontrados nos celulares de GDias. A análise da oitiva não deixa dúvidas: GDias é um mentiroso contumaz.
Diante desse contexto, a oposição considera que o depoimento de GDias é uma peça-chave na CPI do 8/1. Uma comissão parlamentar que se leve a sério, com o intuito de investigar todos os lados, deve requerer acesso às informações contidas no celular de GDias.
Se o celular do ex-diretor da Abin foi importante para elucidar parte do que aconteceu no 8 de Janeiro, imagine o do ex-Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A decisão de pautar a requisição do celular de GDias cabe ao presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia.