O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), compareceu à sede da Polícia Federal (PF) em Brasília nesta sexta-feira, dia 25 de agosto, para prestar depoimento em relação ao inquérito que investiga as ações do hacker Walter Delgatti Neto contra o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O depoimento, que durou cerca de seis horas, é parte das investigações em curso que têm como objetivo esclarecer a possível participação de Mauro Cid em atividades ilegais relacionadas ao hackeamento do CNJ.
Ao final de seu depoimento, o tenente-coronel Mauro Cid deixou a sede da PF sem conceder declarações à imprensa. Em vez disso, seu advogado, César Bitencourt, assumiu a responsabilidade de informar os jornalistas presentes sobre os detalhes do depoimento. Bitencourt afirmou enfaticamente que não houve qualquer tipo de delação por parte de Mauro Cid. "Não, ele não delatou", assegurou o advogado.
Bitencourt também enfatizou que o depoimento durou quase duas horas, mas a audiência em si se estendeu por mais tempo devido a um problema técnico com o sistema da Polícia Federal. Ele explicou que o sistema ficou fora do ar temporariamente, o que atrasou a formalização do termo de declarações.
Quando questionado sobre o conteúdo do depoimento de seu cliente à PF, Bitencourt respondeu de maneira sucinta: "Falaram sobre os fatos." Isso sugere que o tenente-coronel Mauro Cid cooperou com as autoridades ao discutir detalhes relacionados ao caso.
Surpreendentemente, o depoimento de Mauro Cid foi remarcado para a próxima segunda-feira, dia 28 de agosto, devido aos problemas técnicos com o sistema da Polícia Judiciária. Segundo uma fonte da PF, assim que Mauro Cid soube que seu depoimento estava relacionado ao hacker Walter Delgatti Neto, ele solicitou inicialmente ter acesso aos autos para prestar declarações formais. No entanto, o sistema da Polícia Judiciária sofreu uma interrupção, o que impossibilitou a formalização do termo de declarações. Portanto, a audiência foi reagendada para as 10 horas de segunda-feira.
O foco central deste depoimento é apurar se Mauro Cid participou ou possui informações sobre encontros e tratativas entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Alegadamente, durante esses encontros, Bolsonaro e Zambelli teriam discutido um plano para invadir o sistema do CNJ e questionar a efetividade do sistema eleitoral.
É importante notar que Mauro Cid já está sob investigação em outros casos, incluindo a suspeita de envolvimento em um esquema de fraude relacionado aos cartões de vacinação de familiares e do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, ele está sendo investigado por sua suposta ligação com aquisições ilegais de joias que foram vendidas para enriquecimento do ex-presidente.
Este caso é ainda mais intrigante devido às alegações de Walter Delgatti Neto, conhecido como o "hacker da Vaza Jato". Delgatti, que está detido desde 2 de agosto por invadir os sistemas do CNJ, afirmou à CPI do 8 de Janeiro que esteve no Ministério da Defesa em cinco ocasiões durante 2022, sob orientação de Jair Bolsonaro. Durante esses encontros, teria sido discutida a possibilidade de inspecionar o código-fonte da urna eletrônica para verificar a possibilidade de invasão do sistema. A deputada Carla Zambelli teria intermediado essas reuniões.
Segundo Delgatti, durante esses encontros, ele se reuniu com o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira e servidores da área de tecnologia, onde discutiram um relatório que lançaria dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas.
Esse caso complexo e em constante desenvolvimento está gerando grande interesse público e da imprensa. À medida que as investigações avançam, espera-se que mais informações sobre a possível participação de Mauro Cid e outros indivíduos envolvidos nessas ações ilegais venham à tona. A Polícia Federal e as autoridades competentes continuam trabalhando diligentemente para esclarecer todos os aspectos deste caso delicado e de alto perfil.