Advogado Recua sobre Acusação de Desvio de Joias Ligado a Bolsonaro: "Erro da Veja", Afirma Cezar Bitencourt
Uma reviravolta surpreendente marcou o desenrolar das acusações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e um suposto esquema de desvio de joias recebidas pela Presidência da República. Menos de 24 horas após o advogado Cezar Bitencourt ter afirmado à imprensa que o tenente-coronel Mauro Cid apontaria Bolsonaro como mandante das transações, ele voltou atrás e declarou que não mencionou as transações envolvendo joias recebidas por delegações estrangeiras.
O recuo do advogado foi comunicado em uma mensagem enviada ao Estadão durante a madrugada desta sexta-feira (18). "Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja, não se falou em joias", afirmou Bitencourt. A revista Veja havia divulgado na noite anterior que Mauro Cid confessaria ter vendido joias nos Estados Unidos a pedido de Bolsonaro. Essa alegação, se confirmada, poderia configurar crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
A defesa de Mauro Cid tomou um novo rumo após o advogado assumir o caso na terça-feira (15). Inicialmente, Cezar Bitencourt indicou que a estratégia seria demonstrar que o tenente-coronel estava apenas cumprindo ordens, mesmo que fossem "ilegais e injustas". O advogado destacou a importância da obediência hierárquica para um militar e sugeriu que a culpabilidade de seu cliente poderia ser afastada com base nesse princípio.
"Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa", declarou Bitencourt em uma entrevista à GloboNews.
A investigação em torno do suposto esquema de desvio das joias teve um desenvolvimento importante quando a Polícia Federal realizou mandados de busca e apreensão na sexta-feira anterior (11). Entre os alvos dessa operação estava o tenente-coronel Mauro Cid, que agora se encontra detido por sua suposta participação em outro esquema ilegal envolvendo falsificação de cartões de vacina.
Além de Mauro Cid, outras figuras estão ligadas ao caso das joias, incluindo o general da reserva Mauro César Lourena Cid (pai de Mauro Cid), o segundo tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef. As investigações sugerem que esse esquema de desvio de joias poderia ter rendido até R$ 1 milhão.
A reviravolta nas acusações, com o advogado Cezar Bitencourt retractando-se de sua declaração anterior, adicionou mais complexidade a um caso já intrincado. As informações contraditórias e as incertezas em torno das alegações podem influenciar o curso das investigações e as percepções públicas sobre o envolvimento de figuras de destaque em possíveis atividades criminosas.
Conforme os desdobramentos prosseguem, a sociedade continua a acompanhar atentamente o desenrolar das investigações e o papel desempenhado por figuras públicas no caso. A reviravolta recente sublinha a importância de uma apuração rigorosa e justa para se alcançar a verdade e a justiça no sistema legal. À medida que mais informações emergem e os fatos se tornam mais claros, o caso das supostas joias desviadas continua a revelar um cenário complexo e em constante evolução no cenário político e jurídico brasileiro.