Devastação em Derna: Tempestade Daniel deixa rastro de destruição e incerteza na Líbia
A cidade de Derna, na Líbia, está enfrentando uma crise humanitária sem precedentes após a passagem da tempestade Daniel no fim da última semana. Lentamente, a ajuda internacional começa a alcançar a região, mas as perguntas sobre como a cidade pôde ser tão devastada continuam a crescer.
O diretor do centro médico Al-Bayda, Abdul Rahim Maziq, estimou o número de mortos em 20 mil pessoas, mas ex-funcionários públicos, como Moin Kikhia, que trabalhava no Ministério das Finanças da Líbia, acreditam que o verdadeiro número de vítimas possa chegar a dezenas de milhares.
Kikhia, fundador do Instituto Democrático Líbio, revelou: "O número de mortes é muito maior do que se pensava. O governo acredita que sejam 40 mil, mas ninguém quer dizê-lo por medo de irritar as pessoas."
A situação é agravada pela falta de infraestrutura e pela divisão do país em governos rivais no leste e oeste. Das sete estradas que levam à cidade, apenas duas estavam acessíveis nesta quarta-feira, devido à destruição causada pela tempestade. Pontes sobre o Rio Derna desabaram, tornando a cidade praticamente inacessível.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) relatou que 30 mil pessoas estão desabrigadas devido às inundações, enquanto equipes de resgate enfrentam a difícil tarefa de buscar vítimas nos prédios destruídos e recuperar corpos que flutuam no Mediterrâneo.
Hichem Abu Chkiouat, ministro da Aviação Civil do governo que controla o leste da Líbia, descreveu a situação angustiante: "O mar despeja constantemente dezenas de corpos todos os dias."
A Câmara Municipal de Derna fez um apelo urgente por uma passagem marítima para a cidade e intervenção internacional, enquanto a tempestade Daniel se torna o mais recente golpe em um país já devastado por anos de caos e guerra civil.
Este desastre ambiental é considerado o mais fatal da história moderna da Líbia, evidenciando a vulnerabilidade do país devido à falta de um governo central e anos de conflito que deixaram sua infraestrutura em ruínas. A ajuda internacional agora se torna crucial para enfrentar essa tragédia humanitária.