Neste sábado (9), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, foi libertado da prisão em Brasília. Sua soltura veio como resultado de uma decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que homologou sua delação premiada e concedeu-lhe a liberdade provisória. No entanto, a liberdade vem com medidas cautelares rigorosas.
Mauro Cid deixou o prédio do Batalhão da Polícia do Exército por volta das 14h30, acompanhado de seu advogado, Cezar Bitencourt, mas evitou falar com a imprensa. Ele terá que usar uma tornozeleira eletrônica e estará sujeito a restrições de horários para sair de casa, incluindo à noite e aos fins de semana. Além disso, foi determinado seu afastamento de todas as funções no Exército. A Polícia Federal já havia aceitado seu acordo de delação, mas a autorização do STF era necessária para sua efetivação.
Na última quarta-feira (6), Mauro Cid compareceu pessoalmente ao Supremo Tribunal Federal, manifestando livre e espontaneamente sua intenção de colaborar com a justiça por meio da delação premiada. Em uma audiência com um juiz auxiliar de Moraes, ele reforçou sua disposição em fechar o acordo.
As investigações relacionadas a Mauro Cid incluem a suspeita de um esquema de venda e revenda ilegal de joias no exterior, que teriam sido presentes dados a Bolsonaro por delegações estrangeiras durante seu mandato como presidente. A Polícia Federal suspeita que o ex-presidente possa ter sido o mandante dessa organização criminosa.
Outras investigações envolvem Cid, incluindo a suposta falsificação de cartões de vacina, tanto dele como de Bolsonaro e outras pessoas próximas, além de uma alegada tentativa de invadir o sistema das urnas eletrônicas durante as eleições de 2022.
O advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, que foi secretário de comunicação durante seu governo, afirmou na última quinta-feira (7) que "não há o que delatar".
Mauro Cid ficou sob custódia da Polícia Federal em Brasília no dia 28 de agosto, prestando depoimento por cerca de 10 horas. O conteúdo de seu depoimento ainda não foi divulgado, mas em ocasiões anteriores ele admitiu receber presentes de luxo destinados a Bolsonaro. A Polícia Federal interceptou mensagens em que o ex-ajudante de ordens negociava a compra de um relógio Rolex nos Estados Unidos.
O pai de Mauro Cid, o general Mauro Lourena Cid, é apontado como responsável por vender os artigos de luxo recebidos pelo ex-presidente. A Polícia Federal suspeita que o dinheiro obtido com essa venda pudesse estar sendo direcionado para Bolsonaro. A família Cid possui residências na Flórida, para onde Mauro Cid e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se mudaram após o término da gestão presidencial. A Polícia Federal alega ter provas da venda, realizada pelo general, de itens recebidos por Bolsonaro durante seu período de autoexílio nos Estados Unidos.