Um pedido de impeachment do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, assinado por 41 deputados, promete agitar os corredores da Câmara dos Deputados nos próximos dias. A iniciativa, liderada pelo bolsonarista Rodrigo Valadares, surge após a confirmação de que a pasta de Almeida custeou passagens aéreas e diárias para Luciane Farias, conhecida como a Dama do Tráfico, participar de eventos governamentais em Brasília.
O impeachment, que deve ser protocolado em breve, alega que Almeida agiu de modo "incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo", citando o artigo que trata de crimes de responsabilidade. A polêmica se instaurou após Luciane Farias, condenada a 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa, participar de reuniões nos Ministérios dos Direitos Humanos e da Justiça e Segurança Pública.
Os deputados argumentam que a legitimidade para o impeachment está respaldada pelas ações que violariam a dignidade do cargo ministerial. Luciane Farias, esposa de Clemilson Farias, um dos principais líderes do Comando Vermelho, teve encontros com parlamentares como André Janones e Guilherme Boulos durante sua estadia em Brasília.
A defesa do Ministério dos Direitos Humanos alega que o custeio das despesas foi realizado com recursos destinados ao Comitê, seguindo indicações dos comitês estaduais para a participação no evento. Em nota, a pasta enfatiza que nem o ministro, nem sua equipe, tiveram contato ou interferiram na organização do evento que contou com a participação de mais de 70 pessoas de todo o Brasil.
A situação ganhou contornos políticos, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saindo em defesa do ministro Flávio Dino, que enfrenta acusações nas redes sociais por ter recebido Luciane Farias em sua equipe. Lula denunciou os ataques como "artificialmente plantados" e "criminosos", apontando para uma possível coordenação dessas ações.
Flávio Dino, por sua vez, decidiu processar o vereador Fernando Holiday após ele postar uma foto sugerindo que o ministro se encontrou com Luciane Farias. Dino alega que a mulher ao lado dele na foto era uma comediante, não Luciane. A polêmica se intensifica ainda mais às vésperas da indicação que Lula fará ao Supremo Tribunal Federal (STF), com Dino sendo considerado um possível nome.
O Palácio do Planalto suspeita de fogo amigo, apontando para a revelação tardia das agendas ocorridas no primeiro semestre, às vésperas da indicação ao STF. Antes do envolvimento do Ministério dos Direitos Humanos, Flávio Dino era o alvo principal dos ataques. A suspeita de que a revelação da visita da Dama do Tráfico ao Ministério da Justiça foi uma estratégia para atingir Dino cresce, enquanto a oposição busca esclarecimentos sobre o uso de recursos públicos na estadia de Luciane Farias em Brasília.
Em meio a esse cenário político tenso, as próximas semanas prometem ser marcadas por debates intensos e investigações sobre a conduta do ministro dos Direitos Humanos, alimentando a polarização política que tem caracterizado o atual cenário brasileiro. O desfecho desse episódio certamente terá implicações significativas para os rumos do governo e das instituições no país.