Ministros do STF Expressam Descontentamento Após Aprovação da PEC que Limita Decisões Monocráticas
A aprovação no Senado da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF) desencadeou uma reação intensa entre seus membros. O presidente Lula, em resposta, sinalizou aos ministros do STF possíveis mudanças estratégicas, indicando Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República e Flávio Dino para suceder Rosa Weber na Corte.
Esta movimentação é interpretada como uma tentativa do presidente de suavizar as tensões entre o governo e o Supremo, uma vez que a crise instigada pelo Senado ameaça comprometer as relações institucionais. Entretanto, a base do PT resiste a essas indicações, temendo que fortaleçam ainda mais a influência do STF, uma questão sensível no cenário político atual.
Lula discutiu as possíveis nomeações de Gonet e Dino em um jantar com os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Alexandre Zanin. O encontro, que ocorreu no Palácio da Alvorada, durou cerca de duas horas e foi marcado por reclamações dos ministros sobre a atuação do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), na votação da PEC. Os ministros interpretaram o voto de Wagner como um endosso do Palácio do Planalto à proposta, surpreendendo o presidente Lula.
Ao longo do dia, os ministros expressaram seu descontentamento ao Palácio, sentindo-se "traídos" pelo Executivo. Eles destacaram que o STF havia tomado decisões favoráveis ao governo Lula, mas não estava recebendo o mesmo apoio em retorno. Além disso, apontaram problemas de articulação política do governo, com o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, apontando falhas na comunicação entre o Tribunal e o Planalto.
Durante o jantar, Lula indicou aos ministros que as nomeações de Dino e Gonet podem ocorrer em breve, embora uma data específica ainda não tenha sido estabelecida. A possível indicação de Gonet é vista como um gesto de agradecimento de Lula a Gilmar Mendes pelos "serviços prestados" contra a Operação Lava Jato, levantando questionamentos sobre a independência entre os poderes.
Essa reviravolta no cenário político aumenta a incerteza sobre as futuras relações entre o Executivo e o Judiciário, enquanto as decisões estratégicas de Lula são acompanhadas de perto pela opinião pública e por outros membros do governo. A resistência dentro do próprio partido indica que o presidente enfrentará desafios significativos para consolidar apoio interno às suas escolhas, tornando o cenário político ainda mais complexo e volátil.
Enquanto isso, a sociedade aguarda para entender os desdobramentos dessas movimentações no delicado equilíbrio entre os poderes, que, mais uma vez, se encontra no centro das atenções políticas do país.