Vereadora pode ser cassada por dizer que autismo é castigo

Declaração Polêmica de Vereadora Gera Investigação e Revolta em Arcoverde


Uma tempestade de controvérsia eclodiu na cidade de Arcoverde, Pernambuco, após uma declaração chocante feita pela vereadora Zirleide Monteiro (PTB). Durante uma recente sessão do Conselho Municipal, Zirleide Monteiro afirmou que ter um filho com deficiência é um "castigo de Deus". O comentário insensível não apenas desencadeou indignação, mas também levou a uma investigação formal e pedidos de sua remoção do cargo.


O incidente aconteceu durante uma sessão na noite de segunda-feira, 30 de outubro, quando a vereadora Monteiro direcionou seus comentários a uma colega vereadora, que também é mãe de uma criança de quatro anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em uma declaração carregada de capacitismo, Monteiro disse: "Quando ela veio com um filho deficiente, é porque ela tinha alguma dívida a pagar com o Todo-Poderoso. Ela veio para sofrer."


A observação ofensiva rapidamente se espalhou pela comunidade local e provocou uma condenação generalizada. Em resposta, o vereador Wevertton Siqueira, representando o partido Podemos, tomou medidas imediatas. Siqueira e a equipe jurídica do conselho prepararam um pedido formal de investigação dos comentários da vereadora Monteiro, uma medida que poderia levar à sua destituição do cargo.


Siqueira explicou o motivo por trás do pedido, afirmando: "É imperativo que abordemos observações tão depreciativas e preconceituosas feitas por uma vereadora em exercício. Esse tipo de linguagem é inaceitável, e devemos tomar medidas apropriadas para manter a dignidade e a inclusão de nossa comunidade."


O incidente não foi isolado; parece ter sido alimentado por uma disputa em andamento entre a vereadora Monteiro e a colega vereadora que foi alvo de seus comentários. Monteiro alegou que a mulher havia zombado dela ao compartilhar um vídeo que mostrava uma queda que Monteiro sofrera nas dependências do conselho durante o fim de semana.


Monteiro refletiu sobre a situação, dizendo: "O que essa pessoa fez no fim de semana é algo que ninguém merece. Agora, na minha situação? Porque toda lição que ensinamos nesta vida serve como uma lição para qualquer um, para que não maltratemos outras pessoas com a zombaria que ela praticou no fim de semana. Mas isso está nas mãos de Deus, e aqueles que fazem o mal aqui pagarão o preço aqui, não subirão para lá."


As declarações controversas não apenas desencadearam uma investigação formal, mas também provocaram revolta na comunidade de Arcoverde. Defensores de pessoas com deficiência e organizações dedicadas a aumentar a conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista expressaram suas preocupações. Eles argumentam que tais comentários perpetuam estereótipos prejudiciais e estigmatizam pessoas com deficiências e suas famílias.


Pais locais de crianças com deficiências organizaram um protesto pacífico do lado de fora do prédio do Conselho Municipal, exigindo responsabilização da vereadora Monteiro e um pedido de desculpas por suas palavras prejudiciais. A Rede de Apoio ao Autismo de Arcoverde emitiu uma declaração condenando os comentários e enfatizou a necessidade de maior compreensão e compaixão.


Em resposta à crescente reação, o próprio Conselho Municipal emitiu uma declaração condenando as observações da vereadora e aprovou por unanimidade uma Moção de Repúdio contra Zirleide Monteiro. A moção serve como uma expressão formal de desaprovação e condenação pelo conselho.


O incidente levanta questões importantes sobre o papel e a responsabilidade de representantes eleitos na promoção da tolerância e da inclusão em suas comunidades. Como representantes públicos, os vereadores são esperados como exemplos de discurso respeitoso e defensores do bem-estar de todos os eleitores.


A investigação sobre os comentários da vereadora Monteiro está prestes a começar, e resta saber se esse episódio resultará em medidas disciplinares, incluindo sua possível destituição do cargo. Enquanto a comunidade lida com as consequências desta controvérsia, o incidente serve como um lembrete da importância de promover uma sociedade compassiva e inclusiva, na qual todas as pessoas sejam valorizadas e respeitadas, independentemente de suas habilidades.

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