Comandante do Exército vai punir militar que comemorar “golpe” de 64
O Comandante do Exército, General Tomás Paiva, tomou uma decisão firme em relação à celebração do golpe de 1964, informando discretamente a interlocutores que não haverá comemoração nos quartéis em 31 de março, data que marca os 60 anos do evento. Ele deixou claro que militares na ativa que desrespeitarem essa orientação serão sujeitos a punições.
Essa mudança de postura representa um rompimento significativo com a prática durante o governo anterior. Sob a gestão de Jair Bolsonaro, o dia 31 de março era celebrado pelas Forças Armadas como o movimento de 1964, atendendo a um pedido direto do ex-presidente.
No entanto, desde o ano passado, o ministro da Defesa, José Múcio, orientou claramente a proibição de eventos em instalações militares relacionados a essa “efeméride”. Essa determinação é considerada suficiente para manter a mesma postura em 2024.
Essa decisão do Comandante do Exército reflete uma mudança significativa na política institucional em relação ao golpe de 1964. A celebração desse evento é altamente controversa, visto por muitos como um episódio sombrio da história brasileira, marcado por violações dos direitos humanos e pela instauração de um regime autoritário.
Agora, a postura oficial das Forças Armadas em relação ao golpe de 1964 parece estar alinhada com uma abordagem mais cautelosa e crítica, reconhecendo os danos causados à democracia e à sociedade brasileira durante esse período.
Essa mudança de orientação também reflete uma tendência mais ampla na sociedade brasileira, que tem visto um aumento no questionamento e na rejeição de narrativas que glorificam o regime militar. Movimentos sociais, organizações de direitos humanos e setores progressistas têm pressionado por uma revisão da maneira como o golpe de 1964 é lembrado e interpretado no Brasil.
A decisão do Comandante do Exército de punir militares que desrespeitarem a proibição de celebrar o golpe de 1964 indica um compromisso com os princípios democráticos e com o respeito aos direitos humanos. É um passo importante na construção de uma cultura institucional que valorize a democracia, a liberdade e o Estado de Direito.
No entanto, é importante reconhecer que essa mudança de postura pode encontrar resistência dentro de certos setores das Forças Armadas e da sociedade brasileira, que ainda defendem uma visão positiva do regime militar. A implementação efetiva dessa política exigirá um esforço contínuo para promover a educação histórica e o respeito aos valores democráticos em todas as instituições do país.