Ex-comandantes dizem à PF que Bolsonaro apresentou plano de 'golpe de Estado'


Ex-comandantes revelam detalhes sobre plano de "golpe de Estado" em depoimentos à PF


Os ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, trouxeram informações cruciais em seus depoimentos à Polícia Federal (PF), complicando o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma investigação sobre um suposto plano de golpe de Estado. Eles afirmaram que Bolsonaro não apenas tinha conhecimento da chamada "minuta golpista", mas também apresentou opções de medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), envolvendo até mesmo prisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).


A equipe de O TEMPO em Brasília obteve acesso à íntegra dos depoimentos de Freire Gomes e Baptista Júnior, após o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, levantar o sigilo. Os ex-comandantes foram interrogados em 1º de março no âmbito da investigação sobre uma suposta trama liderada por Bolsonaro, generais e ministros para realizar um golpe de Estado visando a manutenção do ex-presidente no Palácio do Planalto.


Segundo os relatos dos ex-comandantes, Bolsonaro convocou reuniões no Palácio do Alvorada logo após sua derrota para Lula no segundo turno das eleições de 2022. Nessas reuniões, ele apresentou "hipóteses de utilização de institutos jurídicos" como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), estado de defesa e estado de sítio em relação ao processo eleitoral.


O brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior relatou que o general Freire Gomes chegou a comunicar que prenderia Bolsonaro caso ele tentasse efetuar um golpe de Estado. No entanto, o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, colocou as tropas à disposição para discutir as minutas apresentadas por Bolsonaro, segundo Baptista Júnior.


Os depoimentos dos ex-comandantes revelaram vários pontos importantes:


- Bolsonaro apresentou três diferentes "institutos jurídicos" que permitiriam uma ruptura antidemocrática após a vitória de Lula nas urnas, segundo o ex-comandante do Exército, Freire Gomes.

- As opções apresentadas por Bolsonaro para impedir a posse de Lula incluíam a decretação de GLO, estado de defesa ou estado de sítio, ainda segundo Freire Gomes.

- O então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, esteve presente em uma das reuniões no Alvorada e apresentou uma nova versão do decreto que viabilizaria um golpe, de acordo com os depoimentos.

- Houve uma segunda reunião com a presença dos comandantes das três Forças Armadas, na qual Bolsonaro apresentou uma versão do documento com a decretação do estado de defesa e a criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral.


Os depoimentos de Freire Gomes e Baptista Júnior reforçam as informações fornecidas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em sua delação premiada à Polícia Federal.


Até o momento, as defesas dos envolvidos não se manifestaram sobre os depoimentos dos ex-comandantes.

Postagem Anterior Próxima Postagem