AGU indica desvio em obra e benefício ilegal a ministro de Lula

Uma bomba política estourou no Maranhão, colocando em xeque a conduta do Ministro Juscelino Filho e sua família. Segundo um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), obtido pela Folha de S.Paulo, cerca de 80% de uma obra de pavimentação beneficiaria propriedades pertencentes ao ministro e seus familiares, levantando suspeitas de desvio de verbas públicas.


A auditoria revelou que a obra entre as propriedades da família do ministro já havia recebido investimentos anteriores de R$ 2,5 milhões. A empresa responsável pela execução da obra, a Construservice, estava no radar das autoridades devido a uma investigação da Polícia Federal relacionada a suas atividades. A CGU apontou que a obra não atendia adequadamente às necessidades da população local, pois não estabelecia conexões essenciais com a cidade nem com rodovias próximas.


De acordo com o relatório da CGU, a justificativa oficial para a obra de pavimentação, financiada com emendas de Juscelino Filho, era a necessidade de "escoamento e acesso a serviços públicos", o que, segundo a auditoria, não se concretizou.


"Dos 23,1 km da obra, que totalizavam R$ 7,5 milhões em investimentos, 18,6 km, o que representa 80%, beneficiariam as propriedades do parlamentar e, ao que parece, de forma individual. Os 4,5 km restantes beneficiariam cinco povoações locais, mas ainda de forma isolada, sem integração com a rodovia estadual ou com a sede do município", destacou a CGU no relatório.


Essas revelações são parte da Operação Odoacro, uma investigação em curso da Polícia Federal que visa apurar a participação de Juscelino Filho em um esquema de corrupção relacionado a obras da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na cidade de Vitorino Freire, onde sua irmã, Luanna Rezende, é prefeita.


A CGU também alertou para a possibilidade de desvios e prejuízos decorrentes das irregularidades na obra, indicando um potencial risco de desvio de finalidade de aproximadamente R$ 1,5 milhão.


Os números impressionam ainda mais quando se considera que a própria Codevasf identificou um prejuízo de R$ 736 milhões em uma auditoria nas obras parcialmente realizadas. Além disso, a licitação que resultou na contratação da Construservice apresentou indícios de irregularidades que poderiam ter prejudicado a competitividade do processo.


As mensagens trocadas entre Juscelino Filho e o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP e apontado como o verdadeiro dono da Construservice, foram cruciais para as investigações da PF. Nas conversas, o ministro é descrito como o "verdadeiro chefe" do empresário, indicando prioridades, medições e desbloqueio de pagamentos relacionados à obra. Espera-se que Juscelino Filho preste depoimento nas próximas semanas no âmbito do inquérito.


Diante das acusações, a assessoria de Juscelino Filho divulgou uma nota, declarando que, como parlamentar, ele tinha o papel de indicar emendas para beneficiar a população, mas a execução e a fiscalização das obras não estavam sob sua responsabilidade. A nota enfatizou que o ministro está interessado em esclarecer o caso e que sua conduta sempre foi pautada pela ética e pela responsabilidade social. No entanto, o escândalo abala não apenas a reputação do ministro, mas também a confiança dos cidadãos no sistema político e na gestão dos recursos públicos.

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