Comandante do Exército Defende Ex-chefe Militar do Planalto: "Evitou Derramamento de Sangue" Durante Ataques aos Três Poderes em 8 de Janeiro
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, em um pronunciamento na quarta-feira, defendeu veementemente o ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), general Gustavo Henrique Dutra, afirmando que ele evitou um "derramamento de sangue" durante os ataques criminosos às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. O general Paiva expressou seu apoio ao general Dutra durante uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
"Aqui, agora, foi ofendido um subordinado meu, o general Dutra. Parece que o general Dutra não tinha comandantes, que ele não cumpria ordens, que ele é o responsável. O general Dutra é um grande oficial. Agora, eu defendo ele porque ele é um grande oficial e cumpriu a ordem. Ele evitou que fosse derramado sangue naquele dia, naquela noite, isso que aconteceu", afirmou o general Paiva.
Essa declaração do comandante do Exército surge em meio a um intenso debate sobre o papel das Forças Armadas brasileiras durante os eventos tumultuados de 8 de janeiro, quando grupos criminosos atacaram as sedes dos Três Poderes, promovendo um cenário de instabilidade e violência na capital federal.
A defesa apaixonada de Dutra ocorreu em resposta ao deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que questionou a relação do Exército com o Supremo Tribunal Federal (STF) e se o general Paiva tinha "consultas" com o ministro Alexandre de Moraes, além de acesso privilegiado a processos.
Anteriormente, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) havia expressado sua "vergonha" em relação ao general Dutra pelo suposto comando inadequado durante os ataques de janeiro. No entanto, o general Paiva rejeitou essas críticas, destacando que sentia "vergonhas diferentes" e enfatizando a importância da ética militar em suas ações e decisões.
O ex-comandante do Planalto, general Dutra, já havia prestado depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro em dezembro de 2023, afirmando que as Forças Armadas agiram para dissuadir os golpistas naquele dia e negando qualquer inércia ou omissão por parte dos militares.
No entanto, em abril do mesmo ano, Dutra foi exonerado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de seu posto como comandante militar do Planalto, em meio a alegações de omissão no combate aos ataques. Esta decisão foi tomada em um contexto de intensa controvérsia e debate sobre a conduta das Forças Armadas durante os eventos de janeiro.
Além do comandante do Exército, também estiveram presentes na reunião extraordinária da comissão os comandantes da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, mostrando a seriedade e a importância atribuída a esse debate pelas lideranças militares do país.
Enquanto o Brasil continua a lidar com as repercussões dos eventos de janeiro e a busca por responsabilidades, as declarações do general Paiva destacam a complexidade e a sensibilidade das questões envolvidas, reforçando a necessidade de uma análise cuidadosa e imparcial dos acontecimentos e das decisões tomadas pelas autoridades militares e civis.