Decisão do Corregedor Nacional de Justiça é Criticada por Deltan Dallagnol
Hoje, o cenário jurídico nacional foi abalado por uma decisão monocrática do ministro Luis Felipe Salomão, corregedor Nacional de Justiça, que determinou o afastamento da juíza Gabriela Hardt e de outros três desembargadores ligados à Operação Lava Jato. Essa ação, embora tenha sido justificada pela alegação de irregularidades nas atuações desses magistrados, foi duramente criticada por Deltan Dallagnol, ex-procurador e atual embaixador Nacional do Partido Novo.
Dallagnol, conhecido por seu papel fundamental na Lava Jato, não poupou críticas à decisão de Salomão. Em uma nota pública, ele classificou a medida como "absolutamente constrangedora" e acusou o corregedor de buscar uma perseguição política contra juízes e desembargadores que desempenharam papéis importantes na condenação de corruptos.
A controvérsia se acentua quando se observam os detalhes da decisão de Salomão. Em sua análise, Dallagnol aponta falhas na fundamentação, desprovidas de argumentos sólidos. Ele destaca que a juíza Gabriela Hardt, por exemplo, foi afastada com base em alegações de ter homologado um acordo entre o Ministério Público Federal e a Petrobras de forma rápida e com uma petição "escassa de informações". No entanto, esse acordo garantiu a devolução de bilhões aos cofres públicos brasileiros, em vez de irem para autoridades estrangeiras.
Dallagnol não se conteve em suas críticas e chegou a usar termos pejorativos para se referir ao corregedor, descrevendo os argumentos da decisão como "débeis, frágeis e ridículos". Ele levanta a preocupação de que punições desproporcionais e sem fundamentação possam estar ocorrendo por motivação política, especialmente contra aqueles que atuaram de forma incisiva na Operação Lava Jato.
O embate entre Dallagnol e o corregedor Salomão também expõe a complexidade dos processos envolvendo a Lava Jato. Gabriela Hardt, especificamente, já estava sob investigação disciplinar desde maio de 2023, por supostos desmandos na destinação de valores bilionários provenientes de acordos com a Petrobras e empreiteiras como a Odebrecht. O relatório final dessa investigação será apresentado ao plenário do Conselho Nacional de Justiça nesta terça-feira.
Diante desse cenário, o debate sobre a independência do Judiciário e o papel da Lava Jato na luta contra a corrupção volta à tona com força total. Enquanto alguns veem nas ações do corregedor uma tentativa de zelar pela integridade do sistema judiciário, outros enxergam um movimento que pode minar os esforços anticorrupção e intimidar aqueles que se dispuserem a combatê-la.
É evidente que a controvérsia em torno do afastamento de Gabriela Hardt e dos desembargadores do TRF-4 está longe de chegar a um desfecho. O embate entre Deltan Dallagnol e o corregedor Salomão apenas intensifica o debate sobre a transparência, a imparcialidade e a legitimidade das instituições responsáveis por administrar a justiça no Brasil.