Governo Federal Financia Viagens de Amigo de Ministra dos Povos Indígenas, Custando Mais de R$ 76 Mil aos Cofres Públicos
Um recente levantamento feito pelo portal Metrópoles, com base nos dados disponíveis no Portal da Transparência, revelou que Hone Riquison Pereira Sobrinho, conhecido como Hony Sobrinho, tem tido suas viagens bancadas pelo governo federal, gerando um gasto total de R$ 76.234,94. Hony, embora não seja um servidor público, é descrito como um amigo pessoal da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, o que lhe garante o "direito" de participar dessas viagens oficiais.
Desde fevereiro de 2023, Hony Sobrinho realizou um total de 24 viagens, acumulando um período de 53 dias de deslocamento, todos às custas dos cofres públicos. As verbas para essas viagens foram solicitadas pelo gabinete de Sônia Guajajara ao Ministério da Gestão e da Inovação, responsável pela liberação e pagamento das diárias.
É importante ressaltar que Hony não é um funcionário público concursado ou temporário. Ele é apresentado como um assessor do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), sendo incluído em viagens oficiais como "colaborador eventual". Essa é uma nomenclatura prevista na administração pública para permitir que pessoas sem vínculo formal com o governo executem "determinada atividade sob permanente fiscalização". No entanto, não há qualquer tipo de remuneração para essa função.
Os dados disponíveis no Portal da Transparência mostram que, dos mais de R$ 76 mil gastos com diárias e passagens de Hony Sobrinho, apenas R$ 300,90 foram devolvidos. Essa devolução ocorreu em relação a uma viagem realizada a Ilhéus, na Bahia, em janeiro deste ano, que custou R$ 451,35. O portal informa que a devolução foi feita "pelo servidor ou por outra entidade que tenha financiado parte da viagem".
Questionado pelo Metrópoles sobre essa prática, o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que "adota essa forma de colaboração com respeito aos critérios normativos, selecionando cada colaborador com atenção a sua expertise e de acordo com a natureza da demanda". No entanto, o órgão não se pronunciou especificamente sobre as viagens realizadas pelo amigo da ministra Sônia Guajajara.
Essas revelações geraram polêmica e levantaram questionamentos sobre o uso adequado dos recursos públicos, especialmente em um momento de crise econômica e de cortes orçamentários em diversas áreas. A prática de bancar viagens de pessoas sem vínculo formal com o governo, mesmo que sob a justificativa de "colaboração eventual", suscita debates sobre transparência, ética e governança no uso dos recursos públicos. A expectativa é de que essas questões sejam investigadas mais a fundo para garantir a prestação de contas e a responsabilidade no uso dos recursos públicos.