Justiça arquiva processo de Maria do Rosário contra Bolsonaro: Princípio da imunidade parlamentar prevalece
Após recurso apresentado pela deputada Maria do Rosário (PT-RS), a Justiça do Distrito Federal e Territórios arquivou definitivamente o processo movido por ela contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso remonta a 2014, quando Bolsonaro, na época deputado federal, proferiu declarações polêmicas afirmando que não a estupraria porque ela não "merecia".
A decisão judicial reconheceu novamente que o processo prescreveu. Embora a ação tenha sido apresentada em 2016, o prazo prescricional de três anos foi excedido, mesmo considerando o período de quatro anos em que a ação ficou suspensa enquanto Bolsonaro ocupava o cargo de Presidente da República. Esta conclusão foi estabelecida pela 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do TJDFT.
A imunidade parlamentar emergiu como um dos principais fundamentos no desenrolar do caso. Trata-se de um princípio essencial em democracias, destinado a proteger os legisladores de perseguições políticas e permitir que exerçam suas funções sem restrições indevidas. A defesa de Bolsonaro baseou-se, em parte, nesse princípio, argumentando que suas declarações foram proferidas no exercício de suas funções como deputado federal.
A decisão de arquivar o processo sugere que a Justiça considerou esse argumento válido, destacando a importância de respeitar as prerrogativas conferidas aos membros do Legislativo. Nesse sentido, a imunidade parlamentar não apenas protege os parlamentares de processos judiciais decorrentes de suas opiniões e discursos proferidos no exercício de suas funções, mas também garante a independência e o livre exercício do mandato.
O desfecho do caso gerou reações diversas na esfera política e social. Enquanto alguns defendem a decisão da Justiça como um reconhecimento adequado da imunidade parlamentar, outros criticam a impunidade percebida, argumentando que declarações como as de Bolsonaro contribuem para perpetuar um ambiente de misoginia e violência contra as mulheres.
Maria do Rosário, por sua vez, expressou sua decepção com a decisão, destacando a importância de responsabilizar os políticos por suas palavras e ações. Ela ressaltou que a luta contra o machismo e a violência de gênero continua, independentemente dos desdobramentos judiciais deste caso específico.
O episódio reavivou debates sobre a responsabilidade dos líderes políticos em relação ao discurso público e sua influência na sociedade. Além disso, evidenciou a complexidade das questões relacionadas à imunidade parlamentar e à liberdade de expressão, destacando a necessidade de um equilíbrio entre proteger os parlamentares de processos políticos injustos e garantir a prestação de contas por suas palavras e ações.