Mais de 250 jornalistas já fugiram da Nicarágua nos últimos 6 anos


Relatório Revela: 253 Jornalistas Nicaraguenses Exilados ou Banidos desde 2018


Um relatório divulgado neste domingo pela ONG Colectivo de Derechos Humanos Nicaragua Nunca Más, com sede na Costa Rica, revelou dados alarmantes sobre a situação dos jornalistas na Nicarágua. Desde abril de 2018, pelo menos 253 jornalistas foram forçados a deixar o país devido a questões de segurança ou foram banidos pelo governo do ditador Daniel Ortega.


O relatório foi divulgado em memória ao sexto aniversário da morte do jornalista Ángel Gahona, que foi tragicamente baleado enquanto cobria manifestações contra o governo de Ortega.


A ONG destacou a perseguição e a criminalização do trabalho dos jornalistas pelos altos escalões do governo, incluindo Rosario Murillo, vice de Ortega, que os descreve frequentemente como terroristas. Essa hostilidade contra a imprensa independente foi reforçada por declarações do chefe do Exército nicaraguense, Julio César Avilés, que chegou a desqualificar o trabalho dos profissionais de imprensa, chamando-os de “mercenários da informação”.


O movimento Jornalistas e Comunicadores Independentes da Nicarágua (PCIN) também denunciou que pelo menos 56 veículos de comunicação foram fechados ou confiscados pelo governo sandinista desde o início da crise, incluindo o influente jornal La Prensa.


Em um comunicado, o PCIN alertou para a continuidade dos ataques à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão pelo regime de Ortega e Murillo. Eles reivindicaram o direito fundamental do povo nicaraguense à liberdade de expressão e de imprensa, essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade justa e democrática. Além disso, exigiram medidas de proteção para jornalistas para evitar ataques e ameaças futuras, bem como apoio contínuo da comunidade internacional para a imprensa independente e a condenação das violações dos direitos humanos.


A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) também expressou preocupação com a intensificação da violência do governo de Ortega contra os jornalistas nicaraguenses. Relatos incluem o roubo de suas residências, o fechamento de suas contas bancárias e ataques às suas famílias.


A Nicarágua vive uma profunda crise política e social desde abril de 2018, agravada pelas polêmicas eleições gerais de novembro de 2021. Nessas eleições, Ortega foi reeleito para um quinto mandato, o quarto consecutivo, enquanto seus principais concorrentes estavam na prisão ou no exílio, levantando sérias preocupações sobre a legitimidade do processo eleitoral.

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