Caso Moraes: TCU vai apurar promoção de delegado da PF

O tribunal de Contas da União (TCU) anunciou uma investigação sobre a promoção do delegado Thiago Severo de Rezende, da Polícia Federal (PF), para o cargo de oficial de ligação junto à Europol, na Europa. A decisão veio após Rezende ter sido responsável pelo indiciamento de três pessoas por supostas ofensas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e seu filho, Alexandre Barci, em um aeroporto em Roma.


Rezende, que assumiu o inquérito em abril, divergiu do parecer de outro delegado que havia afirmado não haver elementos para indiciar o empresário Roberto Mantovani e sua família pelo entrevero com Moraes. Essa mudança no rumo do inquérito levou à promoção de Rezende para atuar em Haia, na Holanda, por dois anos, com um acréscimo salarial devido à função no exterior.


A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados questionou se houve "desvio de finalidade ou interesses político-pessoais" na escolha de Rezende para o cargo. O TCU irá investigar essas alegações, além de solicitar a suspensão da nomeação do delegado até que as investigações sejam concluídas.


O deputado Coronel Meira (PL-PE), autor do requerimento que pediu a investigação, também exige explicações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, sobre a designação de Rezende para o cargo na Europa. Ele questiona os critérios adotados para a escolha do delegado e se houve alguma relação com as investigações envolvendo Moraes e Mantovani em Roma.


Além disso, Meira solicitou que o TCU investigue possíveis irregularidades no indiciamento do empresário Roberto Mantovani, sua esposa Renata Munarão e o genro do casal, Alex Zanatta, pelas ofensas a Moraes. Ele questiona a falta de novas evidências nos autos e suspeita de outras ilegalidades, irregularidades, trocas de favores e desvio de finalidade por parte de membros do Poder Executivo e do Poder Judiciário.


Em fevereiro, o inquérito sobre as ofensas feitas a Moraes e sua família em Roma, conduzido pelo delegado Hiroshi de Araújo Sakaki, concluiu que houve "injúria" ao ministro e sua família, mas descartou o indiciamento com base em instrução normativa que proíbe a medida em casos de crimes de menor potencial ofensivo, com penas inferiores a 2 anos de prisão.


Thiago Rezende assumiu o inquérito em abril, após um pedido de redistribuição. Ele incluiu o agravante de que as ofensas foram cometidas contra um funcionário público, o que elevou a pena para o crime de injúria de 2 anos para 2 anos e 8 meses, possibilitando o indiciamento da família de Mantovani.


Agora, a investigação do TCU traz novos questionamentos sobre os processos envolvendo a PF, o STF e possíveis interferências políticas. A suspensão da nomeação de Rezende e a apuração dos fatos são aguardadas com expectativa pelos membros da Comissão de Segurança Pública e pela população em geral, que buscam transparência e responsabilização em relação aos acontecimentos.

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