No centro de uma disputa jurídica que agita os bastidores da Rede Globo, Alberto Alves dos Santos, ex-cinegrafista com uma longa trajetória de 24 anos no programa Fantástico, entrou com uma ação judicial exigindo R$ 1,5 milhão em indenizações por danos morais e outras compensações financeiras. A controvérsia iniciou-se com acusações severas de negligência e omissão de socorro por parte da emissora durante coberturas jornalísticas consideradas de alto risco.
Santos relata que durante seu tempo na emissora, enfrentou situações perigosas onde acabou ferido por manifestantes hostis. Em um incidente particular, ele alega que, após ser agredido, não recebeu suporte adequado da Globo, deixando-o desamparado em um momento de necessidade. Esta acusação forma a base principal de sua demanda judicial, onde busca não apenas compensações financeiras, mas também o reconhecimento do suposto descaso enfrentado.
Além da omissão de socorro, o ex-funcionário destaca uma série de outros problemas que afetaram sua experiência profissional na emissora. Entre estes, Santos menciona danos morais contínuos derivados das frequentes situações de agressão e roubo enfrentadas pelas equipes de reportagem durante as coberturas externas. Ele também levanta a questão das escalas de trabalho exaustivas e alterações abruptas de horários, alegando que essas práticas foram prejudiciais tanto fisicamente quanto emocionalmente.
A contenda legal de Santos não se limita apenas a compensações por danos morais. Ele também exige a correção de salários e o pagamento de horas extras que afirma não terem sido devidamente remuneradas ao longo de sua carreira na Globo. Estes elementos compõem um quadro complexo de disputa trabalhista que promete expor não apenas as condições de trabalho dentro da emissora, mas também questões éticas e de responsabilidade corporativa em ambientes de jornalismo de alto risco.
O ex-cinegrafista argumenta que a relação tumultuada entre a Globo e parte de sua audiência contribuiu para um ambiente de trabalho externo ainda mais hostil. Ele cita como exemplo a cobertura de eventos políticos após o impeachment de Dilma Rousseff e durante as eleições que levaram Jair Bolsonaro à presidência, momentos em que a postura editorial da emissora gerou controvérsias e tensões adicionais no campo jornalístico.
Para Santos, a decisão editorial de rotular certos protestos como "antidemocráticos" na programação aberta exacerbou as tensões durante as coberturas externas, colocando os profissionais de imprensa em risco adicional de conflito com o público. Ele argumenta que esta postura editorial contribuiu para um clima de trabalho ainda mais volátil e perigoso para os jornalistas que cobriam eventos controversos.
A batalha legal entre Alberto Alves dos Santos e a Globo está agora nas mãos dos tribunais, com implicações que vão além das questões financeiras e trabalhistas imediatas. O caso promete expor os bastidores de uma das maiores emissoras de televisão do Brasil, revelando práticas de segurança, políticas de recursos humanos e a dinâmica entre a mídia e o público em um contexto de polarização política crescente.
Para a Rede Globo, esta controvérsia representa um desafio significativo não apenas em termos financeiros, mas também em relação à sua reputação e responsabilidade social corporativa. Como uma das principais fontes de informação do país, a emissora enfrenta a pressão de manter padrões éticos elevados e garantir um ambiente de trabalho seguro para seus funcionários, especialmente em cenários jornalísticos desafiadores.
Enquanto o processo segue seu curso nos tribunais, o impacto deste caso pode reverberar além das paredes da Globo, influenciando debates sobre ética jornalística, responsabilidade corporativa e segurança no trabalho para profissionais da mídia em todo o Brasil. A história de Alberto Alves dos Santos não é apenas uma saga pessoal de disputa legal, mas um reflexo das complexidades e desafios enfrentados por aqueles que trabalham nos bastidores do jornalismo televisivo.