Planalto organiza pautas com o PT e influenciadores governistas e acelera o verdadeiro "Gabinete do ódio"


Em uma aliança surpreendente, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República e representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) estão unindo forças para moldar a narrativa política nas redes sociais. Reuniões diárias entre membros da Secom e equipes do PT têm sido o palco onde temas e estratégias são meticulosamente planejados. O objetivo? Pautar as redes sociais que o PT alcança e influenciar a opinião pública de forma coordenada.


Essas reuniões, ocorrendo virtualmente por volta das 8 horas da manhã, são descritas como verdadeiras "reuniões de pauta", onde são definidos os tópicos a serem abordados ao longo do dia. Segundo Jilmar Tatto, secretário nacional de comunicação do PT, esses encontros incluem membros da Secom, representantes do PT nacional e das lideranças do partido na Câmara e no Senado.


A estratégia não para por aí. Além das discussões entre governo e partido, influenciadores pró-governo são ocasionalmente convocados para briefings sobre assuntos de interesse do governo. Esses influenciadores desempenham um papel crucial na disseminação da mensagem governista, promovendo ataques coordenados a críticos do governo e defendendo as políticas e figuras-chave, como o ex-presidente Lula (PT).


Um dos aspectos mais intrigantes dessa estratégia é a relação direta entre governo, partido e esses influenciadores digitais. Isso sugere que suas ações nas redes sociais são orquestradas diretamente pelo Planalto, tornando-se uma extensão da máquina de comunicação do governo.


Durante momentos de crise, como a recente tragédia no Rio Grande do Sul, essa rede de influenciadores trabalhou em conjunto com o PT e o governo para desmentir o que foi classificado como fake news, incluindo críticas políticas e reportagens da imprensa. Governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e membros da família Bolsonaro foram alvos desses ataques coordenados, mostrando a eficácia dessa estratégia na defesa dos interesses do governo.


Mas quem são os arquitetos por trás dessa complexa estratégia digital? Desde 2021, a agência de comunicação Polo Digital Marketing tem desempenhado um papel fundamental nesse cenário. Liderada por Clarisse Chalréo, a Polo foi responsável por conduzir o grupo de WhatsApp "gabinete da ousadia" durante a campanha de 2022. Sua participação nas reuniões matinais com representantes do governo e do PT indica o envolvimento direto da agência na definição das pautas e estratégias a serem adotadas.


Com um contrato mensal de R$ 117,7 mil, financiado pelo Fundo Partidário, a equipe da Polo conta com pelo menos 19 profissionais altamente capacitados, incluindo coordenadores, redatores, especialistas em redes sociais e produtores de vídeo. Sua expertise em comunicação digital tem sido fundamental para a eficácia dessa estratégia de influência política nas redes sociais.


Essa aliança entre governo, partido e agência de comunicação levanta questões importantes sobre os limites éticos e legais da comunicação política no ambiente digital. Até que ponto é aceitável o uso de recursos públicos e partidários para influenciar a opinião pública de forma tão coordenada e estratégica?


À medida que avançamos para um cenário político cada vez mais digitalizado, é essencial que essas questões sejam discutidas e debatidas abertamente pela sociedade. A transparência e a prestação de contas são fundamentais para garantir a integridade do processo democrático e a liberdade de expressão de todos os cidadãos.
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