UOL se revolta com Moraes e fala em impeachment do ministro

 Em uma decisão que gerou intenso debate e indignação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), censurou veículos de imprensa que noticiaram as acusações feitas por Jullyane Lins contra seu ex-marido, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados. A medida, rapidamente contestada por diversos juristas e figuras públicas, trouxe à tona discussões sobre a liberdade de imprensa e a integridade das instituições democráticas brasileiras.


Para o jurista e desembargador aposentado Wálter Fanganiello Maierovitch, colunista do portal UOL, a ação de Moraes é passível de impeachment. Maierovitch acusa o ministro de manter um “compadrio” com Lira e afirma que sua decisão representa uma violação da Constituição, documento que Moraes deveria proteger e garantir.


"A ex-esposa contava, em resumo, que havia sido agredida fisicamente e ofendida moralmente pelo então marido Arthur Lira. Ora, ora. Isso é censura. Trata-se de rasgar a Constituição por um ministro com função e compromisso institucional solene de ser o defensor e o garantidor do cumprimento da nossa lei maior", escreveu Maierovitch em sua coluna no UOL.


Maierovitch também rebateu o argumento de que o juiz possui “livre convencimento”. Segundo ele, essa premissa é balizada por garantias expressas na Constituição e que juízes não podem decidir contra esses princípios. Ele acredita que essa tenha sido a razão para Moraes ter recuado de sua decisão um dia após emiti-la.


Além das críticas a Moraes, Maierovitch citou o ministro Dias Toffoli, acusando-o de também "flertar com o impeachment". O ex-magistrado observou que, embora o STF tenha admitido censura em casos de “ataques ao Estado de Direito e à República”, o caso de Lira não se enquadra nessa categoria. Para Maierovitch, Moraes e outros ministros, como Gilmar Mendes, formaram um “coletivo de iguais opiniões” que transforma o STF em uma “nova República de Salò”, fazendo referência ao regime fascista criado por Benito Mussolini.


"A situação revela que nosso mecanismo de freios e contrapesos está enferrujado", continuou Maierovitch. Ele destacou que, pelo sistema atual, ministros do STF só podem ser sujeitos a impeachment pelo Senado, enquanto senadores são processados criminalmente pelo STF, criando uma "dupla e absurda proteção".


A reação do público e de outras figuras públicas foi intensa. Nas redes sociais, houve uma enxurrada de postagens criticando a decisão de Moraes e defendendo a liberdade de imprensa. "Isso é inaceitável. Precisamos garantir que a imprensa possa trabalhar sem medo de censura ou retaliação", escreveu um usuário no Twitter.


Parlamentares da oposição também se manifestaram, pedindo uma revisão imediata da decisão de Moraes e a garantia de que a imprensa possa continuar seu trabalho investigativo. "A democracia depende de uma imprensa livre e independente. Qualquer tentativa de silenciar a mídia é um ataque direto aos nossos valores democráticos", afirmou um senador da oposição.


Organizações de defesa da liberdade de imprensa, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), emitiram notas de repúdio à decisão do ministro. "A censura imposta pelo ministro Alexandre de Moraes é um grave atentado contra a liberdade de expressão e o direito à informação. Exigimos a revogação imediata dessa decisão e a garantia de que situações como essa não se repetirão", declarou a Abraji.


A decisão de Moraes também gerou repercussão internacional. Diversos veículos de imprensa estrangeiros noticiaram o caso, destacando a importância da liberdade de imprensa em uma democracia. "O Brasil enfrenta um momento crítico em sua história democrática. A liberdade de imprensa é um pilar essencial para a transparência e a responsabilidade do governo", escreveu um jornal norte-americano.


Enquanto o debate continua, o episódio levanta questões importantes sobre a relação entre o Judiciário, a mídia e o público. A decisão de Moraes, agora revogada, serve como um lembrete da necessidade constante de vigilância e defesa dos direitos fundamentais em uma sociedade democrática.

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