Na tarde tumultuada de sexta-feira, durante uma sessão acalorada no plenário da Câmara dos Deputados, os parlamentares Delegado Caveira e Éder Mauro fizeram pronunciamentos contundentes sobre um incidente envolvendo membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que bloquearam uma estrada em Parauapebas, no Pará, numa tentativa de impedir a passagem do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro. O incidente, que ocorreu em meio a uma série de manifestações pró-Bolsonaro ao longo do trajeto, foi descrito pelos deputados como um atentado à liberdade de movimento e uma afronta à democracia.
Delegado Caveira, conhecido por suas posições firmes em questões de segurança pública, relatou aos colegas de plenário os eventos que testemunhou ao longo da jornada de Bolsonaro pelo estado do Pará. Segundo ele, "por onde Bolsonaro passa, as manifestações de apoio são imensas, com carreatas e faixas apoiando o nosso ilustre Presidente". No entanto, o clima de apoio não foi uniforme em todas as localidades visitadas, especialmente quando a caravana presidencial se aproximou de Parauapebas.
"Fomos até Parauapebas, onde vimos um fato inusitado: os demônios do MST fecharam a rodovia querendo impedir uma manifestação pacífica, querendo impedir o direito de liberdade, querendo impedir o ir e vir do maior líder político do mundo, Jair Messias Bolsonaro", destacou Caveira, visivelmente indignado com a situação. Ele ainda mencionou rumores de que alguns manifestantes exigiram dinheiro para liberar a via. "Ouvi dizer inclusive que alguns queriam dinheiro para sair de lá. Foram oferecidos, acho que 50 reais e um pão com mortadela a cada vagabundo do MST, que logo desocuparam a área. E a festa foi muito grande em Parauapebas", relatou o deputado, reforçando a tensão do momento.
Éder Mauro, por sua vez, lamentou a presença do MST no local, questionando a legalidade de suas ações. "Quero também lamentar que o MST, que ainda não tem CNPJ para que possa ser processado, estivesse lá. Em nome do Governo — eles disseram que o problema era de Governo — queriam bloquear a passagem de Jair Messias Bolsonaro e Michelle Bolsonaro. Mas os patriotas estiveram lá e, de forma carinhosa, pediram a eles que se arredassem, e Bolsonaro passou junto com Michelle", afirmou Mauro, destacando a intervenção dos apoiadores do presidente para garantir o fluxo do trajeto.
O bloqueio da estrada gerou controvérsia imediata, com críticas direcionadas ao MST por suas táticas de protesto. "Embora o MST bloqueie estradas a seu bel-prazer, seus membros nunca são acusados de ‘atos antidemocráticos’, nem de ‘atentado à segurança nacional’", lamentou um dos parlamentares presentes, refletindo sobre a percepção de impunidade que envolve manifestações desse tipo.
Além disso, houve comparações com o tratamento dado a outros grupos e indivíduos em situações semelhantes. "O Exército brasileiro nunca conduziu os ‘manifestantes’ do MST para ônibus para que fossem presos em massa sob alegação de ‘crime multitudinário’", observou outro deputado, enfatizando uma suposta disparidade nas abordagens de diferentes movimentos sociais e políticos.
O episódio em Parauapebas também reacendeu o debate sobre a liberdade de imprensa e as medidas cautelares aplicadas em inquéritos recentes envolvendo figuras conservadoras e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Críticos apontaram que "no chamado ‘inquérito do fim do mundo’, e nos inquéritos dele decorrentes, já houve prisões políticas sem que houvesse sequer indiciamento das pessoas presas; imposição de uso de tornozeleira eletrônica e ‘prisão domiciliar’ em endereço diferente de onde as pessoas moravam; quebra de sigilo de parlamentares, inclusive de senadores; quebra de sigilos de pessoas e empresas, inclusive de veículos de imprensa; quebra de sigilos do ajudante de ordens do presidente da República; censura de veículos de imprensa e de parlamentares; bloqueio de redes sociais de jornalistas, veículos de imprensa e parlamentares; buscas e apreensões em empresas, residências, residências de familiares, e gabinetes de parlamentares; proibição de contato entre pessoas, que muitas vezes, nem se conhecem; proibição a parlamentares de concederem entrevistas; intervenções no comando de partido político; prisões em massa; entre outras."
Essas medidas têm sido vistas por críticos como uma forma de suprimir vozes dissidentes e reforçar o controle sobre o debate público, especialmente quando direcionado a veículos de comunicação e indivíduos alinhados à ideologia conservadora.
Enquanto isso, a reação pública ao incidente em Parauapebas continua a se desdobrar, com análises sobre as repercussões políticas e legais das ações tomadas tanto pelos manifestantes quanto pelas autoridades presentes. O debate sobre os limites da liberdade de expressão e o direito de manifestação ganhou renovada relevância em um contexto político cada vez mais polarizado.
No encerramento da sessão na Câmara dos Deputados, os representantes presentes expressaram esperança de que o incidente em Parauapebas sirva como catalisador para um diálogo mais amplo sobre os direitos individuais e coletivos no Brasil contemporâneo, em um momento de intensa controvérsia política e social.