Em uma medida drástica para garantir a segurança durante as eleições presidenciais marcadas para domingo, o governo da Venezuela anunciou o fechamento de todas as passagens de fronteira do país. A medida, que estará em vigor de sexta-feira (26) até segunda-feira (29), visa "prevenir atividades de pessoas que possam representar ameaças à segurança," conforme decreto publicado no Diário Oficial desta semana. O anúncio foi feito pelo general Domingo Hernández Lárez, comandante estratégico operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB), em uma postagem no X (antigo Twitter). O general destacou que todas as pontes internacionais foram fechadas, restringindo o acesso ao território venezuelano.
O decreto publicado na terça-feira (23) no Diário Oficial estabelece uma série de medidas além do fechamento das fronteiras terrestres. As fronteiras marítimas e aéreas também estarão fechadas. Além disso, há uma proibição do porte de armas de fogo, venda de bebidas alcoólicas, e manifestações públicas. Essas medidas são vistas como um esforço para manter a ordem durante o período eleitoral, que historicamente tem sido tenso na Venezuela. O governo afirma que tais ações são necessárias para evitar qualquer forma de violência ou desordem que possa comprometer a integridade do processo eleitoral.
O fechamento das fronteiras gerou reações variadas na comunidade internacional. Organizações de direitos humanos e governos estrangeiros expressaram preocupação com o impacto da medida sobre os cidadãos venezuelanos, especialmente aqueles que vivem em áreas de fronteira e dependem do trânsito livre para trabalhar e acessar serviços essenciais. Entretanto, o governo venezuelano defende que as ações são cruciais para a segurança nacional. "Em tempos de eleições, precisamos garantir que nenhuma força externa possa interferir no processo democrático do nosso país," afirmou um porta-voz do governo.
Nesta sexta-feira, um grupo de venezuelanos que tentava entrar no país vindo da Colômbia foi impedido de cruzar a ponte internacional Simón Bolívar, em Cúcuta. Imagens publicadas pela agência de notícias AFP mostram o momento em que os cidadãos foram barrados, gerando frustração entre aqueles que esperavam retornar para votar no domingo. Alguns dos venezuelanos que falaram com a AFP expressaram desconforto por não poderem entrar no país. "Queríamos exercer nosso direito de voto, mas agora estamos presos do outro lado da fronteira," disse um dos entrevistados, que preferiu não se identificar.
As eleições na Venezuela são um evento de grande importância e altamente polarizado. O atual presidente, Nicolás Maduro, enfrenta uma oposição determinada, que tem buscado apoio dos militares para impedir possíveis manobras que poderiam comprometer a legitimidade das eleições. Nos últimos meses, a oposição intensificou seus esforços para mobilizar eleitores e garantir uma eleição justa. No entanto, a desconfiança em relação ao governo de Maduro continua alta, tanto dentro quanto fora do país.
A eleição presidencial na Venezuela tem implicações que vão além de suas fronteiras. Analistas políticos sugerem que o resultado pode influenciar a geopolítica das Américas, especialmente considerando as relações tensas entre a Venezuela e vários países vizinhos. Um relatório recente da CNN explorou como a eleição pode alterar alianças e estratégias diplomáticas na região. "Uma mudança na liderança venezuelana poderia redefinir as dinâmicas políticas na América Latina, especialmente no contexto das relações com os Estados Unidos e outros atores internacionais," afirmou o relatório.
Com as fronteiras fechadas e medidas de segurança reforçadas, os próximos dias serão cruciais para o futuro político da Venezuela. O país, que tem enfrentado uma crise econômica e humanitária severa nos últimos anos, está em um ponto de inflexão. A comunidade internacional observa de perto, esperando que o processo eleitoral seja pacífico e justo. A ONU e outras organizações estão prontas para intervir se houver sinais de irregularidades ou violência.
Enquanto isso, os cidadãos venezuelanos, tanto dentro quanto fora do país, aguardam ansiosamente pelo domingo, na esperança de que suas vozes sejam ouvidas e respeitadas nas urnas. O desenrolar deste fim de semana poderá moldar o destino da Venezuela pelos próximos anos.