O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completou um ano e meio nesta segunda-feira (1º de julho de 2024), marcado por avanços na política econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas também por uma série de derrotas no Congresso Nacional. Ao longo desse período, o governo sofreu pelo menos 10 derrotas significativas, refletindo um cenário de dificuldades na articulação política e polarização ideológica no país.
Desde o início de sua gestão, Lula tem enfrentado uma relação tensa com o Legislativo, caracterizada por uma articulação política fragilizada. Os desafios começaram cedo, com a aprovação apertada da medida provisória que reorganizava os ministérios, ocorrida apenas no último dia de sua vigência. Essa MP também foi marcada pela exclusão de competências ambientais do Ministério do Meio Ambiente, o que gerou críticas e descontentamento entre diversos setores da sociedade.
Um dos episódios mais emblemáticos dessa relação tumultuada foi o embate público entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro Alexandre Padilha, responsável pelas Relações Institucionais. Lira chegou a classificar Padilha como "incompetente", em críticas que posteriormente foram amenizadas, mas que evidenciaram as falhas na comunicação e na negociação entre os poderes Executivo e Legislativo.
Recentemente, a aprovação da prorrogação da desoneração da folha de pagamento e dos municípios tornou-se um ponto de atrito significativo. Após o veto de Lula ser derrubado pelo Congresso, o governo enviou uma medida provisória que limitava o uso de créditos tributários das empresas, buscando compensar as perdas fiscais decorrentes da desoneração. Contudo, a medida não foi bem recebida pelo setor empresarial e acabou sendo devolvida pelo Senado, demonstrando a dificuldade do governo em construir consenso em temas sensíveis.
Além das questões econômicas, temas como a criminalização das fake news, políticas ambientais e direitos indígenas também foram objeto de derrotas legislativas para o governo. A derrubada de vetos presidenciais relacionados ao Marco Temporal e à criminalização das notícias falsas destacam-se entre os episódios mais controversos do período.
A influência da primeira-dama, Janja, sobre as decisões do presidente Lula também tem sido alvo de críticas e questionamentos por parte de parlamentares e analistas políticos. A falta de transparência em relação às influências externas sobre as decisões do governo tem contribuído para a polarização e o descrédito em parte da classe política.
Para o futuro próximo, o desafio do governo será recuperar a confiança e fortalecer a base aliada no Congresso, essencial para a aprovação de reformas estruturais e a implementação de políticas públicas eficazes. A falta de diálogo e a persistente fragmentação política são obstáculos que precisarão ser superados para garantir a governabilidade e a estabilidade necessárias ao país.
Em meio a um cenário de incertezas políticas e econômicas, a capacidade de Lula em aprender com as derrotas e em fortalecer seus laços com o Legislativo será determinante para o sucesso de seu governo nos próximos anos.