Maduro agora é classificado como ‘extrema direita’ pela imprensa brasileira


Na última terça-feira, 23 de julho de 2024, Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, fez declarações polêmicas sobre o sistema eleitoral brasileiro durante um comício no estado de Aragua. Suas críticas ao processo de votação no Brasil, que incluem a alegação de que o sistema não realiza auditorias adequadas, geraram uma reação significativa na imprensa brasileira, que agora passa a enquadrá-lo como um político de “extrema direita”.


Tradicionalmente, Nicolás Maduro é retratado como um líder progressista de esquerda, alinhado ao legado do chavismo. No entanto, suas recentes declarações levantaram questões que desafiam essa percepção. Em seu discurso, Maduro elogiou o sistema eleitoral da Venezuela, caracterizando-o como altamente auditável, e comparou desfavoravelmente a transparência das urnas eletrônicas brasileiras e dos sistemas de outros países como Estados Unidos e Colômbia. “Em que outra parte do mundo fazem isso?”, questionou Maduro, referindo-se às auditorias realizadas nas urnas venezuelanas.


A crítica direta ao sistema eleitoral brasileiro desencadeou uma mudança drástica na forma como a mídia brasileira o percebe e o apresenta ao público. Vários veículos de comunicação, como o UOL e o jornal O Globo, rapidamente associaram o discurso de Maduro à retórica da “extrema direita”, estabelecendo um paralelo com as posições defendidas por Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil.


Na quarta-feira, 24 de julho, Raquel Landim, colunista do UOL, publicou um artigo intitulado “É inadmissível tolerar fala bolsonarista de Maduro sobre eleições no Brasil”. O texto argumenta que as críticas de Maduro ao sistema eleitoral brasileiro são idênticas às usadas por bolsonaristas para questionar a legitimidade das eleições no Brasil. Landim sugeriu que o discurso de Maduro reflete uma tentativa de alinhamento com a narrativa conservadora, o que gerou um intenso debate nas redes sociais.


O jornal O Globo também abordou a questão com um artigo intitulado “Maduro adota discurso da extrema-direita e diz que sistema eleitoral do Brasil não é auditável”. A reportagem sugere que Maduro está em uma “escalada retórica” ao adotar um discurso que ecoa as críticas feitas por Jair Bolsonaro e seus aliados, caracterizando sua postura como uma forma de extrema-direita.


O site O Antagonista, por sua vez, seguiu uma linha semelhante, com uma manchete que afirma que “Maduro adere à narrativa bolsonarista sobre urnas brasileiras”. A abordagem da mídia tradicional parece clara: Maduro agora é visto como um aliado ideológico da extrema-direita brasileira, um afastamento notável de sua imagem anterior como líder de esquerda.


A nova narrativa encontrou ressonância entre diversos setores da sociedade brasileira. Políticos conservadores, que frequentemente foram críticos do sistema eleitoral brasileiro e das urnas eletrônicas, expressaram surpresa e até ceticismo quanto ao novo enquadramento de Maduro. Jair Bolsonaro, em tom irônico, comentou: “Maduro is my friend kkkkkkkk”, uma resposta que sublinha a ironia percebida em seu alinhamento com alguém que ele mesmo criticou durante seu mandato.

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