Moraes autoriza inquérito contra prefeito que sugeriu guilhotiná-lo


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um inquérito conduzido pela Polícia Federal (PF) contra o prefeito de Farroupilha (RS), Fabiano Feltrin, do PL, após uma polêmica sugestão feita pelo político em uma live nas redes sociais. A decisão, tomada na segunda-feira (29), ocorre após a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitar a apuração de possíveis incitações ao crime por parte de Feltrin.


A controvérsia começou na última quinta-feira (25), quando Fabiano Feltrin fez uma declaração durante uma transmissão ao vivo em que, de maneira jocosa, sugeriu que Alexandre de Moraes deveria ser colocado em uma guilhotina. O comentário foi feito enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro visitava Farroupilha. Na ocasião, Feltrin estava ao lado de Bolsonaro, e o diálogo teve início após um interlocutor mencionar a ausência de uma estátua em homenagem a Moraes na cidade. A reação de Feltrin, em tom de brincadeira, foi imediatamente capturada pela transmissão, mas o vídeo não foi mantido no perfil de Feltrin. No entanto, gravações do momento começaram a circular rapidamente nas redes sociais, ampliando a repercussão da declaração.


A deputada federal pelo Paraná e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, não demorou a manifestar sua indignação. Em um post na rede social X, Hoffmann condenou a fala de Feltrin e questionou a legitimidade da caravana bolsonarista que estava em Farroupilha. “A fala aconteceu durante um passeio da caravana bolsonarista pela serra gaúcha, em um parque temático. Ou seria caravana golpista? Esse prefeito é aquele mesmo que tentou lacrar na Internet durante o desastre do RS e tomou uma invertida do ministro Paulo Pimenta. Inacreditável! Que a Justiça bata logo na porta de sua casa”, escreveu Hoffmann.


Diante da gravidade da situação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acionou rapidamente o STF para solicitar a abertura do inquérito. O ministro Alexandre de Moraes acolheu a manifestação da PGR e determinou que os autos fossem encaminhados à Polícia Federal para que fossem tomadas as providências necessárias. Moraes estabeleceu um prazo de 60 dias para que a PF apresente um relatório sobre as investigações.


A Polícia Federal agora tem a responsabilidade de conduzir a investigação. Entre as primeiras etapas do inquérito, está a coleta de depoimentos das partes envolvidas, bem como de testemunhas que possam fornecer informações adicionais sobre o caso. A PF também deverá analisar as provas existentes, incluindo o vídeo da transmissão ao vivo e outros registros relacionados ao episódio. O objetivo principal é determinar se houve, de fato, uma incitação ao crime por parte do prefeito Fabiano Feltrin.


Além do impacto jurídico e político que a situação tem gerado, o caso também trouxe à tona discussões sobre a conduta de políticos e a liberdade de expressão. A declaração de Feltrin, que foi feita em um contexto de aparente descontração, acabou desencadeando uma série de reações e desdobramentos significativos, tanto no cenário político quanto nas redes sociais.


Este episódio também ocorre em um momento de intensa polarização política no Brasil, especialmente com as aproximações e distanciamentos entre figuras públicas e os debates em torno das eleições de 2024. As declarações controversas e o clima de tensão política contribuem para um ambiente em que questões como a liberdade de expressão, o papel das instituições e a responsabilidade dos políticos são constantemente debatidos.

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