Novo corregedor-geral da Abin é ligado a Moraes, já foi “chefe” no TSE e gera incômodo no órgão

 


A Agência Brasileira de Informação (ABIN) anunciou oficialmente seu novo corregedor-geral, o delegado da Polícia Federal José Fernando Moraes Chuy. A escolha foi realizada após um período de especulações e discussões internas, visto que Chuy não pertence aos quadros orgânicos da agência, o que gerou descontentamento entre alguns membros da instituição.


Chuy, que possui uma longa carreira na Polícia Federal desde 2006 e ocupou recentemente a posição de chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assumirá oficialmente suas funções a partir de 1º de setembro deste ano. Até lá, a delegada Lidiane Souza dos Santos continuará no cargo, que ocupa atualmente, até o término de seu mandato em 31 de agosto.


A escolha de Chuy foi criticada pela União dos Profissionais de Inteligência de Estado da ABIN (INTELIS), que emitiu uma nota oficial manifestando preocupação com a indicação de um corregedor-geral externo aos quadros da agência. Segundo a INTELIS, a decisão representa um desprestígio aos servidores orgânicos da ABIN, destacando a importância de se manter a liderança interna para preservar a autonomia e a identidade da instituição.


A controvérsia intensificou-se devido à natureza sensível das responsabilidades do corregedor-geral, que incluem investigações internas cruciais, como o caso recente envolvendo o software First Mile e suas supostas irregularidades dentro da estrutura da ABIN, conhecida informalmente como "ABIN Paralela". Esta última está sob investigação pela Operação Última Milha, que busca elucidar práticas questionáveis e garantir a integridade das operações de inteligência do país.


O posicionamento da INTELIS reflete a preocupação de que a chegada de um corregedor-geral externo possa comprometer a continuidade e a eficácia das investigações em curso, iniciadas pela própria corregedoria interna da ABIN. A entidade sindical destaca a importância de manter a liderança entre os próprios membros da agência para assegurar a transparência e a imparcialidade necessárias em suas operações.


Por outro lado, defensores da nomeação de Chuy argumentam que sua vasta experiência na Polícia Federal e seu papel no TSE o qualificam para assumir o desafio de liderar a corregedoria da ABIN em um momento crucial. A capacidade de Chuy em lidar com questões complexas de desinformação e suas ramificações legais são vistas como ativos valiosos para a agência, especialmente diante do atual cenário de ameaças cibernéticas e manipulação de informações.


A decisão de nomear um corregedor-geral externo não é inédita, mas sua aceitação dentro da própria agência pode depender da habilidade de Chuy em ganhar a confiança dos colaboradores e de demonstrar compromisso com os valores institucionais da ABIN. O contexto político e administrativo também desempenha um papel significativo, considerando as dinâmicas internas que influenciam as decisões de alto escalão dentro da agência.

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