O "surto" de Datena (veja o vídeo)


Na última quinta-feira (25), a Assembleia Legislativa de São Paulo foi palco de um evento tumultuado, marcado por empurra-empurra, troca de farpas e barricadas de cadeiras, em meio à candidatura do apresentador José Luiz Datena à Prefeitura da cidade. O cenário de agitação e confronto ilustra a crescente tensão dentro do PSDB, partido que está imerso em um conflito interno significativo entre os apoiadores da reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e aqueles que defendem a candidatura de Datena.


A confusão começou logo na entrada do evento, onde militantes do partido enfrentaram restrições rigorosas para acessar o local. Enquanto alguns filiados puderam entrar sem maiores problemas, outros, especialmente os que apoiam a reeleição de Ricardo Nunes, foram orientados a aguardar até as 10h para poder ingressar no evento. Essa divisão foi percebida por muitos como uma estratégia para limitar a participação de opositores de Datena, o que acirrou ainda mais os ânimos.


A situação rapidamente escalou quando um grupo de militantes contrários a Datena conseguiu invadir o local do evento, criando uma nova barricada interna que gerou mais tumulto. A Polícia Militar foi chamada para reforçar a segurança e tentar restaurar a ordem, mas a tensão continuava a crescer à medida que os confrontos se intensificavam.


O ponto alto da confusão ocorreu quando José Luiz Datena chegou ao evento. O apresentador, conhecido por seu estilo contundente e suas declarações polêmicas, não hesitou em confrontar os manifestantes opositores. Em um momento de exasperação, Datena se referiu aos seus críticos como um “bando de vendidos do Nunes” e chegou a sugerir que poderia haver infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) entre os presentes, afirmando: “Não duvido que tenha gente infiltrada do PCC aqui quebrando vidro.”


Essa declaração incendiou ainda mais a situação, e Datena foi prontamente atacado pelos militantes contrários, que o chamaram de “golpista” e “arregão”. O ambiente se deteriorou rapidamente, com a segurança sendo forçada a intervir para separar os grupos em conflito e tentar manter a situação sob controle.


O principal opositor de Datena dentro do PSDB é Fernando Alfredo, ex-presidente municipal do partido, que tem defendido veementemente o apoio à reeleição de Ricardo Nunes. Alfredo, que lançou sua pré-candidatura à prefeitura na última quinta-feira como uma forma de desafiar a candidatura de Datena, não pôde participar do evento devido às restrições impostas. Sua ausência foi vista por muitos como uma tentativa de isolar os apoiadores de Datena e impedir uma maior exposição do candidato rival.


A divisão dentro do PSDB reflete um momento de crise para o partido, que está lutando para definir seu futuro político em um cenário de crescente polarização. A disputa entre os grupos pró-Datena e pró-Nunes tem revelado profundas fissuras dentro do partido, o que levanta questões sobre como o PSDB conseguirá se unir em torno de um único candidato para a eleição municipal de São Paulo.

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