Oposição se levanta contra Maduro, declara novo "vencedor" com 70% dos votos e cita o dever das Forças Armadas

 

Na madrugada desta segunda-feira, 29 de julho de 2024, a líder opositora María Corina Machado e o candidato Edmundo González Urrutia contestaram veementemente os resultados eleitorais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. Segundo o CNE, Nicolás Maduro teria vencido as eleições com 51,2% dos votos, enquanto Urrutia obteve 44,2%. Contudo, a oposição alega que os números reais apontam para uma vitória esmagadora de Urrutia, com 70% dos votos.

“Queremos dizer a todos os venezuelanos e ao mundo inteiro que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia”, declarou María Corina Machado, visivelmente emocionada, em uma coletiva de imprensa. “Já ganhamos e todo mundo já sabe. Foi uma vitória tão grande e avassaladora que ganhamos em todos os cantos do país, em todas as cidades e em todos os estados”, acrescentou a líder opositora.

De acordo com María Corina, a oposição já tem em mãos mais de 40% das atas de votação e os dados coincidem: Edmundo González Urrutia recebeu 70% dos votos, enquanto Maduro teria ficado com apenas 30%. A líder oposicionista argumenta que esta é a verdade e que a vitória de Urrutia representa a maior margem de vitória já registrada em eleições venezuelanas.

O contexto eleitoral na Venezuela sempre foi marcado por intensas disputas e questionamentos acerca da transparência dos processos. Desta vez, a controvérsia parece ter atingido um novo patamar. A votação ainda não foi certificada por observadores internacionais, e há uma crescente pressão diplomática por uma auditoria dos resultados. Organizações internacionais e governos estrangeiros estão acompanhando de perto o desenrolar dos acontecimentos, preocupados com a possível deterioração da já frágil situação política venezuelana.

María Corina também fez um apelo enfático às Forças Armadas, ressaltando o papel crucial que elas devem desempenhar neste momento. “O dever da Força Armada Nacional é fazer respeitar a soberania do voto”, afirmou. Ela pediu a todos os mesários e fiscais que permanecessem em seus postos e solicitou à população que acompanhasse a apuração em todos os centros de votação, demonstrando seu apoio e vigilância cívica.

Edmundo González Urrutia, por sua vez, ecoou as palavras de María Corina, afirmando que os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que realmente aconteceu. “As normas foram violadas, pois não foram entregues todas as atas”, denunciou Urrutia, sublinhando as irregularidades que, segundo ele, teriam sido cometidas pelo regime chavista. Ele reafirmou sua mensagem de reconciliação e prometeu continuar lutando até que a vontade do povo seja respeitada.

Quando questionado sobre a possibilidade de convocar manifestações, Urrutia foi categórico ao negar qualquer incitação à violência. “É uma celebração cívica”, concordou María Corina, destacando que o movimento oposicionista busca manter suas ações dentro dos limites legais e pacíficos.

A situação na Venezuela permanece tensa e incerta. A oposição continua a reunir evidências e mobilizar seus apoiadores, enquanto o governo de Maduro mantém sua posição, afirmando a legitimidade dos resultados anunciados pelo CNE. A comunidade internacional observa atentamente, com muitos países e organizações já emitindo declarações pedindo calma e a verificação independente dos resultados eleitorais.

Nos próximos dias, espera-se que novos desdobramentos ocorram, à medida que ambos os lados intensificam seus esforços para consolidar suas respectivas narrativas. A pressão sobre as Forças Armadas e sobre a comunidade internacional para que intervenham de alguma forma também deverá aumentar, já que o impasse atual pode levar a uma crise ainda mais profunda no país.

A Venezuela, mais uma vez, encontra-se em um momento decisivo de sua história, onde a busca por justiça eleitoral e respeito à vontade popular será determinante para o futuro político e social da nação. O desenrolar dos eventos nas próximas semanas será crucial para determinar se o país conseguirá avançar rumo a uma resolução pacífica e democrática ou se será arrastado para uma nova fase de conflitos e instabilidade.
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