No cenário conturbado das políticas públicas brasileiras, uma questão emergiu como ponto crítico de violação aos direitos humanos: o tratamento dispensado a grupos vulneráveis, especialmente crianças, idosos, jovens e mulheres em condições desestruturadas. Sob a lente crítica do Tribunal dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), uma série de denúncias detalha o sofrimento físico e mental significativo infligido por ações negligentes do Estado e de suas instituições.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) têm sido incisivas na defesa dos direitos fundamentais desses grupos, conforme estipulado na Convenção Americana sobre Direitos Humanos. O Artigo 19 da Convenção especifica a necessidade de medidas especiais de proteção às crianças, enquanto a Constituição Brasileira de 1988, em seu Artigo 227, estabelece que é dever do Estado assegurar a dignidade e o respeito a todos os jovens e adolescentes.
No entanto, a realidade contrastante revela um panorama sombrio de abusos e negligência. O Tribunal dos Direitos Humanos da OEA documentou inúmeras violações, destacando casos de idosos deixados sem cuidados adequados, crianças sem acesso a alimentos e mulheres expostas a ambientes sem instalações sanitárias básicas. Essas condições não apenas constituem tratamento cruel e desumano, mas também refletem uma falha sistêmica no cumprimento das obrigações estatais de proteger os mais vulneráveis.
Um dos casos mais alarmantes descritos pela CIDH envolveu uma série de inquéritos políticos conduzidos pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil. Sob a liderança do ministro Alexandre de Moraes, esses inquéritos resultaram em medidas severas contra jornalistas, ativistas e políticos que expressaram opiniões divergentes do mainstream. Ações como a censura de mídias independentes, invasões de residências sem mandado judicial e prisões arbitrárias foram relatadas à Comissão, despertando preocupações sobre a liberdade de expressão e o devido processo legal no país.
Em resposta à escalada de violações, Edison Lanza, ex-Relator Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH, expressou preocupação com a censura imposta pelo STF, citando a necessidade de que qualquer restrição à liberdade de expressão esteja estritamente alinhada com os padrões internacionais de direitos humanos. A decisão de fechar contas de ativistas e blogueiros sob acusação de "discurso de ódio" foi vista como um precedente perigoso que poderia limitar severamente o debate público e a crítica política no Brasil.
O papel do Senado brasileiro também foi questionado diante da inércia em lidar com os abusos perpetrados por membros do judiciário. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, tem sido criticado por sua omissão em face dos pedidos de impeachment contra ministros das cortes superiores. Essa falta de ação tem alimentado um ciclo de impunidade que ameaça os pilares democráticos e o Estado de Direito no país.
Além das questões de liberdade de expressão, as violações relatadas à CIDH incluem prisões em massa sem devido processo legal, confisco de propriedades e a aplicação de tribunais de exceção em casos políticos. A morte de Clériston Pereira da Cunha enquanto estava sob custódia também foi mencionada, ressaltando a necessidade urgente de garantir condições humanitárias nos sistemas prisionais brasileiros.