O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil decidiu não enviar representantes para acompanhar as eleições presidenciais na Venezuela, marcadas para o próximo domingo (28), após declarações controversas feitas pelo presidente Nicolás Maduro durante um comício nesta semana. Em seu discurso, Maduro questionou a transparência do sistema eleitoral brasileiro, afirmando que as eleições no Brasil não são auditadas, ao contrário do que ele próprio alegou ser o caso na Venezuela.
As afirmações de Maduro provocaram uma resposta firme do TSE brasileiro, que emitiu uma nota oficial reafirmando a auditabilidade e segurança das urnas eletrônicas brasileiras. "Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo", declarou o tribunal.
A decisão representa uma ruptura significativa com a prática usual do TSE de enviar observadores para monitorar eleições estrangeiras, uma medida destinada a promover a transparência e a legitimidade dos processos eleitorais internacionais. O convite para que o TSE enviasse observadores foi feito pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, conforme é costume entre países que buscam legitimar suas eleições perante a comunidade internacional.
O TSE havia designado previamente dois especialistas em sistemas eleitorais para participar da missão de observação na Venezuela, um gesto que reflete o compromisso do tribunal brasileiro com a promoção da democracia e dos direitos eleitorais ao redor do mundo. No entanto, as declarações de Maduro colocaram em xeque a credibilidade dessa missão.
O presidente venezuelano, que está buscando a reeleição em meio a um cenário político tenso e contestado, afirmou durante seu discurso que a Venezuela possui "a melhor auditoria do mundo" e que no Brasil "nenhum boletim de urna é auditado". Tais comentários foram recebidos com incredulidade por autoridades brasileiras e pela comunidade internacional, que há muito tempo observa com preocupação a situação política e econômica na Venezuela.
Além da decisão de não enviar observadores, o TSE brasileiro fez questão de reiterar seu compromisso com a integridade de seu próprio processo eleitoral. "A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil", afirmou o tribunal.
O cancelamento da missão de observação levanta questões sobre o impacto diplomático das declarações de Maduro e sobre o futuro das relações bilaterais entre Brasil e Venezuela. Nas últimas semanas, relatos de prisões de opositores políticos e restrições à liberdade de imprensa têm aumentado as preocupações internacionais sobre a imparcialidade do processo eleitoral na Venezuela.