Áudio vazado atinge Pablo Marçal, Moraes e um novo elemento político (veja o vídeo)


Um áudio que veio à tona nesta segunda-feira (26) está causando um verdadeiro turbilhão no cenário político nacional. O vazamento, que remonta a fevereiro deste ano, expõe uma conversa de Leonardo Avalanche, presidente do PRTB e aliado do candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, onde ele detalha supostas conexões com figuras proeminentes da política brasileira, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o ex-presidente Michel Temer e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.


O áudio se torna ainda mais controverso dado o contexto: Avalanche está atualmente enfrentando um pedido de afastamento cautelar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A gravação revela uma tentativa explícita de Avalanche em persuadir dirigentes do PRTB a apoiarem sua candidatura à presidência nacional do partido, alegando ter recebido apoio direto de Moraes, Temer e Pacheco para consolidar seu controle sobre a legenda.


Na gravação, Avalanche se gaba de sua influência e acesso privilegiado às decisões do TSE. "Você já deve ter ouvido falar de mim porque até a decisão da 8ª [Vara, que derrubou a eleição interna no PRTB] eu pilotei, a decisão do ministro [Alexandre de Moraes]", diz Avalanche, revelando detalhes de uma conversa com um colega. "Eu falei: ‘Adriano, eu vou fazer intervenção’. Ele respondeu: ‘Você é louco, não vai não, nós vamos ganhar’. Até então ele não era comigo, né? Eu falei, ‘sim, vai sair uma decisão quarta-feira que vem, grava bem’. Aí eu mostrei para ele [a decisão do TSE] uma semana antes. Sou um cara bem relacionado."


A intervenção mencionada por Avalanche, de fato, foi oficializada por Alexandre de Moraes no dia 19 de dezembro de 2023. A decisão visava resolver disputas internas no PRTB, intensificadas após a morte do fundador e líder do partido, Levy Fidelix. A gravação sugere que Avalanche tinha conhecimento antecipado e influência sobre a decisão, algo que, se confirmado, representa uma séria violação dos princípios de imparcialidade e transparência esperados em processos judiciais.


O áudio prossegue com Avalanche detalhando suas conexões com o ex-presidente Michel Temer e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. "Eu já tenho acordo com o ex-presidente, que me ajudou a construir isso desde março, o [Michel] Temer, com o Alexandre [de Moraes]… Ninguém imaginava uma intervenção, então construímos isso. Vou te mostrar as peças aqui, eu trocando ‘zapzap’ desde março. O Temer me chamou. (…) Ele perguntou: ‘Leo [Avalanche], como você vai assumir a intervenção, fazer a eleição para você mesmo assumir [a presidência]?’. Foi aí que o Luciano [Fuck] entrou [como interventor]", relata Avalanche.


A suposta proximidade de Avalanche com Rodrigo Pacheco também é abordada no áudio. Ele menciona uma viagem planejada com um interlocutor para encontrar Pacheco, e detalha uma conversa com um homem identificado como “Jorge”, que seria um funcionário do gabinete do senador. No entanto, segundo o Portal da Transparência do Senado, não há registros de um funcionário chamado Jorge no gabinete de Pacheco em 2024 ou 2023. Em 2022, o único Jorge que trabalhou no gabinete foi Jorge André Souza Periquito, um ex-candidato a prefeito de Belo Horizonte pelo PRTB. Sua relação com as alegações de Avalanche não foi confirmada.


O modus operandi de Avalanche também é questionado por relatos de ex-integrantes do PRTB. Caio Alexandre Gomes da Silva e Rachel de Carvalho, ex-vice-presidente do partido, relataram que Avalanche os convocou para uma reunião em um hotel em Alphaville. Na reunião, Avalanche supostamente ameaçou-os com desfiliação caso não o apoiassem nas eleições internas. Ele também apresentou uma lista de filiações retroativas e afirmou ter acesso a uma decisão ainda não publicada pelo TSE, que acabou sendo oficialmente divulgada dias depois.


"Avalanche mostrou uma lista de fundadores, que não eram filiados ao partido antes, e que teriam sido filiados por ele com data retroativa através dessa ligação que ele disse ter com Alexandre de Moraes. Além desta lista, mostrou também uma decisão ainda não publicada pelo TSE, e disse que aquela decisão havia sido encomendada por ele ao interventor, que, poucos dias depois, foi publicada", detalhou Caio Alexandre em depoimento à Justiça Eleitoral.


A pressão de Avalanche para obter apoio e consolidar seu controle sobre o PRTB, conforme revelado no áudio e corroborado pelos depoimentos, parece envolver práticas questionáveis e uma suposta manipulação dos processos internos do partido. Ele teria usado senhas do Sistema de Filiação Partidária (Filia) dos vice-presidentes interinos do partido para realizar filiações e desfiliações conforme sua conveniência.


Este vazamento não apenas intensifica a crise interna do PRTB, mas também levanta questões sérias sobre a integridade do sistema político e a influência de figuras proeminentes na manipulação de processos partidários e eleitorais. O impacto deste áudio poderá reverberar por um longo tempo, possivelmente resultando em investigações mais profundas e revisões nos procedimentos do TSE.


Os protagonistas envolvidos, incluindo Alexandre de Moraes, Michel Temer e Rodrigo Pacheco, ainda não se pronunciaram oficialmente sobre as alegações feitas por Avalanche. A expectativa é que a gravação e suas implicações sejam examinadas com rigor pelas autoridades competentes, para garantir que a transparência e a justiça sejam mantidas em todos os níveis da administração política.


Este caso está em desenvolvimento e promete trazer novas revelações nas próximas semanas. A comunidade política e o público em geral devem acompanhar de perto os desdobramentos e as possíveis consequências que poderão surgir a partir deste escândalo.
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