Deltan defende impeachment de Moraes e diz que revelações são mil vezes piores que Vaza Jato


O ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, fez declarações contundentes sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que as recentes revelações de mensagens trocadas por Moraes e sua assessoria indicam razões substanciais para seu impeachment. Dallagnol comparou a situação atual com os episódios expostos pela Vaza Jato, considerando as novas informações "mil vezes piores".


Dallagnol falou ao Painel e destacou que, ao contrário das discussões entre promotores e o ex-juiz Sergio Moro, que foram amplamente discutidas e criticadas, o que está sendo revelado agora implica uma violação muito mais grave. Segundo o ex-procurador, as mensagens reveladas pela Folha de São Paulo mostram que o ministro Alexandre de Moraes, além de suas funções judiciais, também teria agido como investigador e procurador, acumulando responsabilidades que, na visão de Dallagnol, comprometem sua imparcialidade e legitimidade.


As mensagens em questão detalham métodos utilizados por Moraes e sua equipe no processo de investigação de bolsonaristas. De acordo com Dallagnol, esses métodos são extremamente problemáticos porque envolvem o uso da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como um "laranja". Esse setor, que deveria servir como um apoio técnico, foi, segundo Dallagnol, utilizado para criar relatórios que camuflam a iniciativa do ministro e poderiam caracterizar falsidade ideológica.


Deltan Dallagnol argumenta que a apropriação indevida do papel de procurador-geral da República por Moraes é um motivo suficiente para questionar sua capacidade de conduzir os inquéritos nos quais está envolvido. Ele observou que, se alegava erroneamente que na Lava Jato havia um conluio entre juiz e procurador, o que está sendo revelado agora configura uma situação ainda mais grave, com o juiz e o procurador sendo a mesma pessoa.


As mensagens, que foram publicadas recentemente, indicam que Moraes teria usado sua influência e o aparato do TSE para promover uma agenda pessoal, ao invés de seguir procedimentos legais e imparciais. Isso levanta questões sérias sobre a integridade das investigações conduzidas pelo ministro e sua capacidade de exercer suas funções judiciais de maneira justa e equitativa.


Dallagnol também ressaltou que o comportamento de Moraes reflete um abuso de poder, já que o ministro estaria exercendo um controle excessivo sobre as investigações e procedimentos relacionados aos bolsonaristas. Para o ex-procurador, essas ações comprometem a credibilidade do sistema judicial e a confiança pública nas instituições responsáveis pela aplicação da lei.


A declaração de Deltan Dallagnol vem em um momento de intensas discussões políticas e jurídicas no Brasil. A situação em torno do ministro Alexandre de Moraes tem gerado uma série de debates e manifestações, tanto a favor quanto contra sua permanência no STF. As revelações e as críticas levantadas por Dallagnol adicionam uma nova camada de complexidade ao já tumultuado cenário político.

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