Na tarde de sexta-feira, 30 de agosto de 2024, o jornalista Glenn Greenwald, conhecido por suas reportagens contundentes e análises incisivas, fez uma série de declarações alarmantes em suas redes sociais sobre as ações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Greenwald, Moraes estaria planejando uma maneira de banir completamente a rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, do Brasil, uma medida que afetaria dezenas de milhões de usuários no país.
Em sua análise, Greenwald sugeriu que o motivo pelo qual a plataforma X ainda não foi bloqueada é porque Moraes estaria arquitetando um "julgamento-espetáculo", possivelmente envolvendo todo o STF. "A única razão pela qual X ainda não foi proibido em todo o Brasil — para dezenas de milhões de pessoas — é que o juiz chefe da censura autoritária Alexandre de Moraes está planejando a melhor maneira de acabar com isso", escreveu o jornalista. Essas palavras indicam que Moraes poderia estar aguardando o momento certo para impor a censura de forma decisiva, utilizando o peso do tribunal para legitimar sua ação.
A acusação de Greenwald se tornou ainda mais preocupante quando ele revelou que Moraes teria adotado uma tática extremamente controversa: congelar as contas bancárias de outra empresa, a Starlink, como forma de pressionar a X. Starlink, um serviço de internet via satélite de propriedade do bilionário Elon Musk, foi amplamente elogiada por autoridades brasileiras por fornecer acesso à internet em áreas remotas do país, onde o serviço era inexistente ou precário. A decisão de Moraes de congelar as contas da Starlink, segundo Greenwald, chocou até mesmo os apoiadores mais fiéis do ministro, que são especialistas em direito.
A conexão entre X e Starlink, além de surpreendente, levanta questões sobre a legalidade e a ética das ações de Moraes. Aparentemente, a medida de congelamento das contas da Starlink seria uma forma de retaliação, visando punir Elon Musk, que também é proprietário da rede social X. Essa abordagem drástica chamou a atenção de juristas e especialistas em tecnologia, que agora se perguntam sobre os limites do poder de um ministro do STF e o impacto que essas decisões podem ter sobre a liberdade de expressão e a operação de empresas tecnológicas no Brasil.
A Starlink, que havia ganhado destaque por seus esforços em conectar regiões isoladas do Brasil, vê-se agora envolvida em uma disputa judicial complexa e de grande magnitude. A decisão de Moraes de vincular a punição à Starlink ao comportamento da X parece, para muitos, uma tentativa de pressionar Musk por todos os meios possíveis. Para Greenwald, essa é uma clara demonstração de abuso de poder, uma ação que ultrapassa os limites do aceitável em um Estado de Direito.
Greenwald, que tem um histórico de denúncias contra ações autoritárias e é conhecido por sua defesa da liberdade de imprensa, usou suas plataformas para alertar sobre o que ele vê como um movimento perigoso e sem precedentes por parte do Judiciário brasileiro. Segundo ele, as ações de Moraes não são apenas uma ameaça à liberdade de expressão no Brasil, mas também um sinal preocupante de como o poder pode ser utilizado para suprimir vozes dissidentes e controlar o discurso público.
A repercussão das declarações de Greenwald foi imediata. Nas redes sociais, milhares de usuários expressaram preocupação com o futuro da X no Brasil e com o impacto que um possível bloqueio poderia ter sobre a liberdade de expressão no país. Muitos criticaram o que consideram ser um uso excessivo e desproporcional do poder por parte de Moraes, enquanto outros manifestaram apoio ao ministro, argumentando que suas ações são necessárias para manter a ordem e a segurança no país.
Enquanto isso, o silêncio de Elon Musk sobre o assunto é notável. O magnata, que costuma ser vocal em suas redes sociais, ainda não fez nenhum comentário público sobre as ações de Moraes, o que apenas alimenta especulações sobre o que pode estar ocorrendo nos bastidores. A falta de resposta direta por parte de Musk e da equipe da Starlink também levanta questões sobre as possíveis negociações que poderiam estar acontecendo entre a empresa e o governo brasileiro.
A situação continua a se desenrolar, e o que está em jogo é muito mais do que o destino de uma rede social. A decisão de Alexandre de Moraes, seja ela qual for, terá implicações profundas não apenas para a X e para a Starlink, mas para todo o ambiente digital no Brasil. A crescente tensão entre o Judiciário e as empresas de tecnologia pode marcar um ponto de inflexão nas relações entre o Estado brasileiro e as plataformas digitais, com consequências que poderão reverberar por anos.
Neste cenário incerto, resta saber se a advertência de Glenn Greenwald se confirmará e se o Brasil está prestes a enfrentar um novo e significativo capítulo na história de sua relação com a liberdade de expressão e a censura.