Nesta quinta-feira, 1º de agosto, o Departamento de Estado dos Estados Unidos formalizou seu reconhecimento da vitória do candidato oposicionista Edmundo González nas eleições presidenciais venezuelanas, intensificando a crise política que já afeta a Venezuela. A declaração dos EUA veio após a divulgação de documentos pela campanha de González, que alegam comprovar uma vitória clara sobre o atual presidente Nicolás Maduro.
A decisão de Washington marca uma mudança significativa na abordagem dos EUA em relação às eleições venezuelanas. Até então, a Casa Branca havia mantido uma posição cautelosa, pedindo apenas a publicação detalhada dos resultados eleitorais. No entanto, o reconhecimento oficial de González como vencedor reflete um movimento mais assertivo em resposta às alegações de fraude e falta de transparência nas eleições.
A campanha de Edmundo González divulgou na internet as atas das mesas de votação que, segundo a oposição, representam cerca de 80% do total das urnas em todo o país. De acordo com esses documentos, González teria obtido a maioria dos votos, vencendo Maduro com uma margem considerável. O Departamento de Estado dos EUA afirmou que a publicação desses documentos foi crucial para sua decisão.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, emitiu uma declaração enfatizando a validade dos dados apresentados. “Os dados eleitorais demonstram de forma esmagadora a vontade do povo venezuelano: o candidato da oposição democrática Edmundo González obteve o maior número de votos nas eleições de domingo. Os venezuelanos votaram e os seus votos devem contar”, disse Blinken.
Esta posição dos EUA é sustentada pelo fato de que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela ainda não divulgou os resultados detalhados das 30 mil mesas de votação, um fator que intensifica a desconfiança sobre a legitimidade do processo eleitoral.
A reação de Nicolás Maduro ao reconhecimento da vitória de González pelos EUA foi imediata e contundente. Em um pronunciamento transmitido pela Telesur, um veículo de comunicação estatal da Venezuela, Maduro afirmou que “os Estados Unidos devem manter o nariz fora da Venezuela, porque o povo soberano é quem governa na Venezuela, quem dá o tom, quem decide”. O presidente venezuelano qualificou a posição dos EUA como uma tentativa de interferência nos assuntos internos do país.
Maduro também acusou o governo americano de promover um "surto" de desinformação e desestabilização. A rápida declaração de vitória de González foi vista por Maduro como uma tentativa de deslegitimar o processo eleitoral e desviar a atenção da suposta integridade das eleições.