Malafaia marca ato pró-impeachment de Moraes na Av. Paulista


 O pastor Silas Malafaia, um dos mais influentes líderes evangélicos e aliado fiel do ex-presidente Jair Bolsonaro, anunciou a realização de uma manifestação de grande escala na Avenida Paulista, em São Paulo, no próximo dia 7 de setembro. O ato, que coincidirá com as celebrações da Independência do Brasil, tem como principal objetivo pressionar pelo impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.


Malafaia revelou que o evento contará com a presença de diversos líderes políticos e religiosos, incluindo o senador Magno Malta (PL-ES) e os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO), todos conhecidos pelo seu alinhamento com as pautas bolsonaristas. Segundo o pastor, eles farão “discursos duros” contra Moraes, criticando o que consideram abusos cometidos pelo magistrado em suas decisões no STF.


Em conversa com a imprensa, Malafaia disse já ter comunicado Jair Bolsonaro sobre a manifestação e expressou sua esperança de que o ex-presidente compareça ao ato. “Acredito que Bolsonaro vá. Só não acredito que ele vai falar (contra Moraes) porque está em inquérito”, declarou. A cautela do ex-presidente em se manifestar diretamente contra Moraes deve-se ao fato de que ele é alvo de investigações conduzidas pelo ministro, o que poderia complicar ainda mais sua situação legal.


A manifestação, que promete ser uma das maiores já realizadas na Avenida Paulista, foi planejada com antecedência. Malafaia contou que a reserva da Paulista junto à Prefeitura de São Paulo foi feita há cerca de 10 dias, antes mesmo da publicação de uma reportagem do jornal *Folha de S. Paulo* que apontou o uso extraoficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por Moraes para obter provas para inquéritos no STF. A reportagem desencadeou uma onda de críticas entre os apoiadores de Bolsonaro, que passaram a chamar o episódio de a “Vaza Jato do Xandão”, em referência ao vazamento de conversas entre Moro e integrantes da Lava Jato em 2019.


O líder evangélico acredita que a repercussão da matéria fortaleceu ainda mais o movimento a favor do impeachment de Moraes. “Há uma pressão gigante do povo de se fazer uma manifestação e pedir impeachment de Alexandre de Moraes”, afirmou Malafaia. Para ele, o ato será crucial para pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a abrir o processo de impeachment contra o ministro. “Pressão popular não tem Rodrigo Pacheco que resista”, destacou.


Apesar de sua confiança no sucesso da manifestação, Malafaia evitou fazer previsões sobre o tamanho do público que comparecerá ao evento. “Acredito que vai ser gigante, mas não venham me perguntar de número de gente, porque eu não tenho bola de cristal”, afirmou o pastor. Ele ainda revelou que inicialmente pensou em realizar o ato no dia 25 de agosto, mas desistiu da data por considerar que estava “muito em cima”.


A escolha do dia 7 de setembro não foi aleatória. A data tem um simbolismo especial, tanto para os apoiadores de Bolsonaro quanto para os movimentos conservadores em geral. Em anos anteriores, o Dia da Independência foi marcado por manifestações pró-Bolsonaro, que mobilizaram milhões de pessoas em todo o país. Malafaia espera que o ato deste ano tenha o mesmo impacto, especialmente em um momento em que a base bolsonarista busca formas de reagir ao que considera ser uma perseguição judicial contra o ex-presidente e seus aliados.


O contexto da manifestação é ainda mais tenso devido às recentes revelações da *Folha de S. Paulo*. A reportagem divulgou mensagens trocadas por um juiz auxiliar de Moraes no STF, nas quais o ministro teria feito pedidos extraoficiais a integrantes do setor de combate à desinformação do TSE. Esses pedidos teriam sido utilizados para embasar decisões no inquérito das fake news, que tramita no STF. Moraes, por sua vez, negou qualquer irregularidade, afirmando que os pedidos feitos ao TSE estavam dentro da legalidade e que as informações solicitadas eram objetivas e públicas.


Com o crescimento das críticas a Moraes e a mobilização de figuras influentes como Silas Malafaia, a manifestação de 7 de setembro promete ser um marco na relação conturbada entre o bolsonarismo e o STF. Resta saber se o movimento conseguirá alcançar seus objetivos e pressionar o Senado a tomar medidas contra o ministro, ou se será mais um capítulo na longa batalha política entre os apoiadores de Bolsonaro e o Poder Judiciário.

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