No cenário político atual, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) fez críticas contundentes à postura do governo brasileiro e do Partido dos Trabalhadores (PT) em relação às recentes eleições na Venezuela. Segundo Girão, o silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as denúncias de fraude eleitoral no país vizinho é indicativo de uma conivência perigosa com regimes autoritários.
“O governo Lula foi rápido em lamentar a morte de um líder político do Hamas, mas, sobre as eleições venezuelanas, silêncio total; sobre as mortes na Venezuela, silêncio total; sobre as prisões na Venezuela por perseguição do regime chavista, do regime de [Nicolás] Maduro, silêncio total. Sabe o que isso demonstra para o mundo? Que o Brasil está, aparentemente, pela sua liderança maior, ao lado de terroristas e ditadores. É conivente com as barbaridades perpetradas por regimes totalitários. O silêncio do presidente Lula diz muito. O Brasil está passando pano para essa ditadura, claramente torcendo por ela”, declarou o senador.
Para Eduardo Girão, a cobrança das atas eleitorais por parte do governo brasileiro não passa de “retórica vazia a justificar sua omissão, por pressão internacional”. Ele aponta que a demora injustificável para tornar públicos esses documentos é um dos sinais mais evidentes de fraude. Além disso, Girão criticou uma nota divulgada pelo PT que elogia a democracia venezuelana e reconhece a vitória de Maduro. O parlamentar também expressou descontentamento com a postura do Brasil em se abster de votar a favor de uma resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) que exigia transparência e a divulgação das atas das eleições na Venezuela.
“Eram necessários 18 votos. Votaram a favor 17 países, e, de forma irresponsável, o Brasil se absteve! O Brasil está com a mão cheia de sangue do povo venezuelano! Isso depois de uma nota indecente do PT elogiando a democracia na Venezuela e de o próprio presidente Lula declarar que não via nada de anormal. Está todo mundo vendo! É por isso que querem controlar nossas redes sociais! Todo esse sofrimento imposto pela ditadura aos nossos irmãos venezuelanos serviu pelo menos para que ficasse escancarada, para os brasileiros e para o mundo, a verdadeira face espúria de Lula, do PT e de seus aliados ao apoiarem, de maneira cínica, um dos ditadores mais corruptos e sangrentos da atualidade!”, criticou Girão.
O senador Eduardo Girão também destacou a grave crise humanitária enfrentada pela população venezuelana. Ele lembrou que cerca de 7 milhões de venezuelanos já deixaram o país como refugiados, buscando melhores condições de vida em outras nações. Girão mencionou que, após a morte de Hugo Chávez em 2013, Nicolás Maduro assumiu o poder e consolidou a ditadura por meio do controle total do Supremo Tribunal e da perseguição “implacável” aos opositores do regime.
O caso de Maria Corina Machado foi citado como exemplo da repressão sofrida pelos opositores na Venezuela. Maria Corina, deputada federal eleita em 2010, foi cassada pelo Supremo venezuelano em 2014 e ficou inelegível por 15 anos por liderar a oposição e defender sanções internacionais contra o país. Girão ressaltou que, em setembro de 2023, Maria Corina foi impedida de sair da Venezuela para participar de uma audiência pública no Senado brasileiro, tendo seu passaporte retido pelo regime.
“Chamamos a Maria Corina, no ano passado, para ser ouvida no Senado, na Comissão de Relações Exteriores. Sabem o que aconteceu? O regime não deixou ela viajar. Ela teve que participar por via remota. Em setembro de 2023, quando dessa audiência pública, ela teve a retenção do seu passaporte. Foi impedida de sair do país”, lamentou Girão.
As críticas de Eduardo Girão levantam uma discussão crucial sobre a postura do governo brasileiro em relação a regimes autoritários e a importância de uma política externa que defenda os direitos humanos e a democracia. O silêncio de Lula, conforme apontado pelo senador, não passa despercebido e levanta questionamentos sobre a posição do Brasil no cenário internacional, especialmente no que diz respeito ao apoio ou à condenação de regimes totalitários.