Petição pedindo impeachment de Moraes supera 746 mil adesões


O pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), vem ganhando força e adesões expressivas em todo o Brasil. No domingo, 18 de agosto de 2024, o abaixo-assinado hospedado na plataforma Change.org ultrapassou a marca de 746.900 assinaturas, refletindo o crescente descontentamento da sociedade com a atuação do magistrado. O documento será encaminhado ao Senado Federal e tem como objetivo pressionar a Casa Legislativa a abrir um processo de impeachment contra Moraes, evidenciando a insatisfação popular com sua conduta em diversas questões judiciais de grande repercussão.


As críticas à atuação de Alexandre de Moraes não são recentes, mas ganharam nova dimensão nas últimas semanas, especialmente após as recentes revelações feitas pelo jornal *Folha de S.Paulo*. O veículo, que vem publicando uma série de reportagens investigativas sobre o ministro, trouxe à tona, no último domingo, mais um capítulo dessa polêmica. De acordo com a *Folha*, mensagens de WhatsApp trocadas entre assessores de Moraes, obtidas de forma legal, revelam conversas que colocam em dúvida a lisura de suas ações no Supremo.


Uma das mensagens mais impactantes envolve o juiz auxiliar do ministro, Marco Antônio Vargas, que, em uma conversa, teria cogitado a possibilidade de "mandar uns jagunços pegar" o jornalista Allan dos Santos "na marra e colocar num avião brasileiro". A declaração refere-se à frustração das autoridades brasileiras pela não extradição de Allan dos Santos dos Estados Unidos, onde o jornalista se exilou para evitar prisão no Brasil após ser alvo de decisões judiciais de Moraes. A fala de Vargas, que sugere uma ação extrajudicial e violenta, foi amplamente condenada por juristas e políticos, que veem na declaração uma evidência de que o ministro e sua equipe estariam dispostos a adotar métodos questionáveis para perseguir opositores políticos e críticos do governo.


O aumento do apoio ao abaixo-assinado reflete a crescente insatisfação com o que muitos enxergam como um comportamento parcial e autoritário por parte de Moraes. A petição, que começou com adesões modestas, rapidamente ganhou tração após a divulgação das mensagens comprometedoras. Parlamentares de diversas correntes políticas, especialmente aqueles alinhados com o ex-presidente Jair Bolsonaro, têm incentivado publicamente a participação no movimento, utilizando as redes sociais para amplificar o clamor pelo impeachment. Entre os que se manifestaram estão deputados federais, senadores e líderes de movimentos conservadores, que acusam Moraes de "destruir a democracia brasileira" ao "perseguir sistematicamente aqueles que se opõem ao atual governo".


Além da pressão interna, as denúncias contra Alexandre de Moraes têm gerado repercussão internacional. Veículos de imprensa estrangeiros e organizações de direitos humanos manifestaram preocupação com a situação no Brasil, destacando o risco à imparcialidade do sistema judicial brasileiro. Nos Estados Unidos, onde Allan dos Santos está exilado, o caso tem recebido atenção especial. A recusa das autoridades americanas em extraditar o jornalista foi motivada por preocupações com a falta de imparcialidade no Brasil, uma visão que pode se intensificar com as novas revelações. A sugestão de que um ministro do STF poderia ter contemplado uma ação clandestina contra um cidadão em território estrangeiro pode agravar ainda mais a imagem do Brasil no cenário internacional.


Apesar da crescente pressão, o Supremo Tribunal Federal ainda não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias recentes ou sobre o abaixo-assinado em andamento. No entanto, o aumento do clamor popular e as novas revelações podem forçar uma resposta institucional em breve. No Senado, a liderança da Casa ainda não indicou se dará seguimento ao pedido de impeachment. Historicamente, processos desse tipo contra ministros do STF enfrentam grandes dificuldades para avançar, em parte devido ao corporativismo e à proteção institucional que envolve a magistratura. No entanto, a gravidade das acusações e o volume de assinaturas no abaixo-assinado podem colocar os senadores em uma posição delicada, pressionando-os a tomar uma decisão que pode ter desdobramentos profundos para a política e a justiça no Brasil.


Enquanto isso, a mobilização popular continua a crescer. Movimentos organizados estão convocando manifestações em várias capitais do país para pressionar o Senado a agir. Se o abaixo-assinado continuar a ganhar adesões no ritmo atual, o movimento pelo impeachment de Alexandre de Moraes pode se tornar um dos maiores já registrados no Brasil, desafiando a permanência do ministro no Supremo Tribunal Federal e potencialmente desencadeando uma nova crise política no país.

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