A íntegra da propalada “carta” de Michel Temer: O recado certeiro


No último artigo publicado na Folha de S.Paulo, o ex-presidente Michel Temer apresenta uma crítica incisiva sobre o atual cenário político brasileiro. Em seu texto, intitulado “A Independência e a Paz”, Temer reflete sobre o exercício do poder e a polarização política, abordando questões que têm gerado intenso debate nacional.


Temer começa sua análise traçando um paralelo histórico com o processo de independência do Brasil. Ele destaca que a busca pela paz interna sempre foi crucial para a estabilidade do país, alertando sobre a vulnerabilidade das nações divididas e em constante conflito. O ex-presidente argumenta que o Brasil, em sua trajetória republicana, teve momentos em que a pacificação interna foi priorizada, citando exemplos de presidentes que buscaram a conciliação entre opostos como Juscelino Kubitschek e José Sarney.


A crítica central de Temer gira em torno da atual radicalização política e judicial. Ele observa que a polarização, uma característica natural das sociedades, tem se transformado em radicalização, o que pode trazer ganhos imediatos em termos de poder e influência, especialmente na era digital. No entanto, o ex-presidente adverte que essa radicalização é ilusória e passageira, e que o verdadeiro exercício do poder requer sabedoria e a capacidade de construir consensos.


Temer também faz uma crítica contundente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes, cuja indicação foi feita durante seu governo. O ex-presidente sugere que Moraes, alinhado com o governo atual e o Partido dos Trabalhadores (PT), tem contribuído para uma radicalização que prejudica a estabilidade política e a legitimidade das instituições. Segundo Temer, a legitimidade do poder não pode ser sustentada sem a construção de consensos e a garantia de que todos os segmentos sociais se sintam participantes legítimos do processo político.


O texto de Temer também ressalta a importância da oposição dentro do sistema democrático. Ele destaca que, de acordo com a Constituição, a oposição desempenha um papel fundamental ao criticar e fiscalizar, contribuindo para a governabilidade e a manutenção da ordem democrática. A radicalização, segundo Temer, não só ameaça a segurança jurídica, mas também mina a confiança nas instituições e compromete a capacidade do Estado de garantir a paz e o desenvolvimento.


Em sua carta, Temer utiliza a figura do STF como um exemplo de como as instituições devem se comportar em tempos de crise política. Ele afirma que o Supremo, como a última instância do Judiciário, tem a responsabilidade de cumprir rigorosamente as regras e promover a paz política. A segurança jurídica, segundo ele, é essencial para a estabilidade social e para a realização de investimentos e relações saudáveis entre indivíduos e instituições.


A crítica implícita à forma como o poder está sendo exercido atualmente é um reflexo da insatisfação de Temer com o rumo que o país tem tomado. Sua carta, além de uma análise sobre a polarização e a necessidade de consensos, é também um alerta sobre os riscos de uma radicalização desmedida que pode comprometer a democracia e a ordem constitucional.


Com esta análise, Temer não apenas revisita momentos históricos em que a pacificação interna foi bem-sucedida, mas também lança uma luz crítica sobre as práticas atuais que, segundo ele, estão comprometendo a integridade das instituições e o funcionamento harmonioso do sistema democrático. A crítica à atuação do STF e ao alinhamento político do ministro Moraes destaca a crescente tensão entre diferentes segmentos do poder e a necessidade urgente de um diálogo construtivo para superar os desafios políticos enfrentados pelo Brasil.



A carta de Michel Temer, ao abordar a polarização política e a importância da pacificação interna, oferece uma visão crítica sobre o atual cenário político. Sua análise reflete preocupações sobre a legitimidade do poder e a estabilidade das instituições, destacando a necessidade de consensos e diálogo em um momento de crescente radicalização. Ao revisitar a história e alertar sobre os riscos da atual conjuntura, Temer contribui para o debate sobre o futuro político do Brasil e o papel das instituições em garantir a paz e a democracia.
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