O cenário político brasileiro continua fervilhando, com desdobramentos importantes que podem redefinir as eleições municipais e a estrutura do Judiciário. No dia 12 de setembro de 2024, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ganhou ainda mais força no Senado. O número de senadores que apoiam o pedido de afastamento do ministro já alcança 36, um número significativo que aproxima o processo de um possível avanço. Entre os parlamentares que declararam apoio, o senador Rodrigo Cunha se destacou ao se posicionar publicamente a favor da medida.
O impeachment de Moraes vem sendo discutido há meses, com crescentes críticas à sua atuação, especialmente no Tribunal Superior Eleitoral, e no uso de suas prerrogativas como ministro do STF em investigações envolvendo apoiadores de Jair Bolsonaro. Moraes é acusado por diversos setores políticos de ultrapassar os limites de sua função, o que teria gerado um "desequilíbrio" na relação entre os poderes da República. Agora, com 36 assinaturas, o Senado se aproxima das 41 necessárias para formalizar o processo de impeachment, colocando o ministro em uma posição cada vez mais delicada.
Rodrigo Cunha justificou seu apoio afirmando que é preciso "preservar a democracia" e "restaurar o equilíbrio entre os poderes". Para ele, a conduta de Moraes revela um ativismo judicial que ameaça a independência dos poderes e fere os princípios da Constituição. Outros senadores que aderiram ao movimento também apontam que a atuação de Moraes tem sido marcada por decisões que, segundo eles, extrapolam as funções de um ministro do STF.
Enquanto isso, outro fato relevante chama a atenção no campo político. O ex-presidente Jair Bolsonaro deu sinais de que pode reconsiderar seu apoio à candidatura de Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, que tenta a reeleição nas eleições municipais de 2024. Bolsonaro vinha demonstrando apoio a Nunes desde o início do ano, mas fontes próximas ao ex-presidente sugerem que ele estaria insatisfeito com a condução de algumas políticas do prefeito, principalmente em áreas sensíveis para o eleitorado bolsonarista, como segurança pública e pautas conservadoras.
Há rumores de que Bolsonaro poderia "fazer o M de Marçal", em referência a Luiz Philippe de Orléans e Bragança, ex-candidato à presidência em 2022. Marçal, com seu discurso alinhado aos valores mais conservadores e nacionalistas, seria um nome mais compatível com o eleitorado que Bolsonaro representa, o que pode ter levado o ex-presidente a reconsiderar seu apoio a Ricardo Nunes. Se Bolsonaro de fato abandonar Nunes, isso representaria um golpe significativo para a campanha do atual prefeito, que conta com o apoio de Bolsonaro para fortalecer sua candidatura junto ao eleitorado mais à direita.
Além dessas movimentações, o programa Conexão 011 News abordou ao vivo esses dois assuntos, trazendo à discussão o jornalista Diogo Forjaz e o advogado Claudio Caivano. Transmitido pelo canal Fator Político BR, parceiro do Jornal da Cidade Online, o programa discutiu os desdobramentos do impeachment de Moraes e a situação política de Bolsonaro em relação às eleições municipais.
Durante o programa, Diogo Forjaz destacou que o apoio de 36 senadores ao impeachment de Moraes é um marco importante. Segundo ele, o movimento pelo afastamento do ministro mostra que há um crescente descontentamento no Congresso com o papel desempenhado por Moraes nas recentes decisões judiciais. Forjaz ressaltou que o impeachment de um ministro do STF é uma situação extremamente rara, mas a adesão significativa de parlamentares aponta que o processo não pode mais ser ignorado.
Claudio Caivano, por sua vez, analisou os aspectos jurídicos e constitucionais envolvidos no impeachment. Ele destacou que, embora ainda existam obstáculos a serem superados, como a obtenção das cinco assinaturas restantes, o cenário político está mais favorável a um possível julgamento do que em tentativas anteriores. Para Caivano, o número crescente de apoios mostra que há uma articulação mais organizada em torno desse pedido de impeachment, o que pode representar uma ameaça real à permanência de Moraes no Supremo Tribunal Federal.
Além do impeachment, o programa também discutiu a possível retirada de apoio de Bolsonaro à candidatura de Ricardo Nunes. Forjaz explicou que Bolsonaro, embora tenha manifestado apoio inicial ao atual prefeito, pode estar considerando a opinião de sua base eleitoral, que tem cobrado posturas mais firmes em relação a certas políticas municipais. Nunes, que vem tentando manter um equilíbrio entre as demandas de seu governo e as expectativas dos eleitores de Bolsonaro, poderia perder um importante aliado caso o ex-presidente decida "desembarcar" de sua candidatura.
Claudio Caivano destacou que a postura de Bolsonaro nas eleições municipais de São Paulo será decisiva. Ele explicou que, sendo a maior cidade do país, São Paulo é um dos centros políticos mais relevantes, e o apoio de Bolsonaro pode influenciar fortemente o resultado eleitoral. Caso Bolsonaro decida apoiar outro nome, isso pode abrir caminho para uma candidatura mais alinhada aos valores bolsonaristas, o que poderia alterar o cenário da disputa.
Com o avanço do impeachment de Alexandre de Moraes no Senado e a possibilidade de Jair Bolsonaro reconsiderar seu apoio a Ricardo Nunes, o cenário político brasileiro segue instável e cheio de incertezas. Enquanto os senadores se articulam para definir o futuro de Moraes, Bolsonaro parece estar avaliando suas alianças estratégicas para garantir uma posição de força nas eleições municipais de 2024.