Na última sexta-feira (13), o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a causar polêmica ao compartilhar um vídeo em seu canal de transmissão no WhatsApp, no qual o empresário e candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, faz duras críticas à Igreja Católica e às denominações evangélicas. As declarações de Marçal rapidamente repercutiram na mídia e redes sociais, gerando um debate acalorado entre apoiadores e críticos.
O conteúdo do vídeo e as declarações de Pablo Marçal
No vídeo compartilhado por Bolsonaro, Marçal declara que a Igreja Católica "matou centenas de pessoas" ao longo da história e que "a igreja evangélica não mata as pessoas fisicamente, mas sim espiritualmente". Tais afirmações, carregadas de forte crítica às instituições religiosas, rapidamente geraram repercussão. O empresário e candidato à prefeitura de São Paulo vem ganhando notoriedade por seu discurso controverso e sua abordagem ousada em relação à política e à fé.
Marçal, que já fez diversas declarações públicas criticando a relação entre religião e política, afirmou no vídeo:
> "A Igreja Católica matou centenas de pessoas, muitas a gente nem vai descobrir na vida. Ortodoxa, Roma, Anglicana, o escambau. A igreja evangélica não mata as pessoas com morte física, mata elas com morte espiritual."
As palavras de Marçal tocaram um ponto sensível, especialmente para o público cristão, que representa uma parcela significativa do eleitorado brasileiro. Tanto a Igreja Católica quanto diversas denominações evangélicas exercem forte influência na política do país, especialmente em tempos de eleição.
Reações e polêmicas
A postagem do vídeo gerou uma onda de comentários tanto de apoio quanto de crítica. Embora o vídeo tenha sido rapidamente removido do canal de transmissão de Bolsonaro, a repercussão já havia tomado proporções significativas, sendo destacada em veículos de comunicação como O Globo e Metrópoles. A remoção do vídeo levantou questionamentos sobre o porquê de Bolsonaro ter decidido deletá-lo, considerando seu histórico de apoio a figuras religiosas.
Entre os que se manifestaram contra as declarações de Marçal, líderes religiosos e políticos criticaram a generalização e o tom agressivo das falas. Marco Feliciano, deputado federal e pastor evangélico, afirmou em suas redes sociais:
> "Criticar a fé de milhões de brasileiros é um desserviço. Devemos construir pontes e não criar divisões."
Por outro lado, Marisa Lobo, psicóloga e influente figura entre os conservadores cristãos, também se posicionou, apontando que a crítica de Marçal não foi totalmente sem fundamento, especialmente ao tocar na questão da hipocrisia que, segundo ela, existe em algumas lideranças religiosas. No entanto, Marisa ressaltou que generalizações como essas apenas alimentam mais ódio e desinformação.
Já o advogado e especialista em direito constitucional Ives Gandra destacou que o discurso de Marçal, embora polêmico, está protegido pela liberdade de expressão. Contudo, Gandra salientou que discursos de figuras públicas, especialmente em tempos de eleição, devem ser cautelosos para não incitar divisões desnecessárias.
Impacto nas eleições de 2024
Com as eleições municipais de 2024 se aproximando, essa polêmica pode impactar de diversas formas a corrida pela Prefeitura de São Paulo. Pablo Marçal, que já vinha se posicionando como uma alternativa "fora do comum" ao tradicional cenário político paulistano, ganha ainda mais visibilidade, mas também atrai críticas por suas posturas controversas.
O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que também é candidato à reeleição, já afirmou em diversas ocasiões seu compromisso com valores cristãos, sendo católico praticante. Nunes evitou comentar diretamente as declarações de Marçal, mas reiterou seu respeito por todas as religiões e destacou a importância de manter o diálogo e a harmonia entre as diversas crenças presentes em São Paulo.
Adversários de Marçal, como Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), também se manifestaram. Boulos, por exemplo, aproveitou o momento para reforçar seu compromisso com a laicidade do Estado, defendendo que a religião não deve ser usada como plataforma política. Já Tabata Amaral, que anteriormente criticou Marçal, ressaltou a importância de políticas públicas que incluam a diversidade religiosa e cultural da cidade.
As pesquisas mais recentes realizadas pelo Instituto Paraná Pesquisas indicam que Marçal continua como uma figura em ascensão, mas ainda distante de ameaçar a liderança de Nunes e Boulos. No entanto, com o aumento de sua visibilidade na mídia, Marçal pode se consolidar como uma alternativa viável, especialmente entre eleitores descontentes com o cenário político atual.
A influência de Bolsonaro
O apoio de Jair Bolsonaro a Pablo Marçal levanta questões sobre a influência do ex-presidente nas eleições municipais. Bolsonaro, que mantém uma forte base de apoio entre evangélicos e conservadores, tem sido visto como um importante cabo eleitoral. No entanto, sua decisão de compartilhar um vídeo tão polêmico pode ter consequências tanto positivas quanto negativas para Marçal.
Renato Vargens, pastor e escritor influente no meio evangélico, destacou que o apoio de Bolsonaro pode tanto ajudar quanto prejudicar Marçal, dependendo de como a base evangélica reage às críticas feitas às igrejas. Segundo Vargens:
> "Bolsonaro tem uma base sólida entre os evangélicos, mas Pablo Marçal arrisca alienar parte desse público com declarações que ferem as instituições religiosas."
Bolsonaro, que já foi criticado no passado por suas alianças com líderes religiosos, parece estar tentando equilibrar seu apoio a Marçal sem comprometer sua relação com pastores influentes, como Silas Malafaia e Edir Macedo, que não se pronunciaram publicamente sobre o caso até o momento.
Desdobramentos futuros
O episódio envolvendo Bolsonaro, Marçal e as igrejas será um dos temas centrais nas próximas semanas de campanha. Com a corrida eleitoral se intensificando, é esperado que novos embates entre os candidatos surjam, especialmente no que tange ao uso da religião como ferramenta política.
Sargento Fahur, conhecido por suas declarações contundentes e seu apoio ao conservadorismo, também já indicou que vai se pronunciar sobre o caso em um de seus populares podcasts, prometendo "não deixar pedra sobre pedra" em suas críticas.
Em meio a esse cenário, o que fica claro é que a religião continuará a desempenhar um papel crucial nas eleições de 2024, tanto em São Paulo quanto no resto do Brasil. As campanhas seguirão sendo marcadas por debates sobre valores, moralidade e o papel da fé na política, com cada candidato tentando conquistar uma fatia do eleitorado mais alinhada com suas convicções.
Enquanto isso, o público aguarda os próximos capítulos dessa disputa acirrada, que promete esquentar ainda mais à medida que as urnas se aproximam.