Na última terça-feira (24), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de um comício em Goiânia (GO), onde teceu duras críticas ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Embora Bolsonaro não tenha citado diretamente o nome de Caiado em sua fala, ficou claro que o alvo de suas declarações era o governador, especialmente quando o ex-presidente o chamou de "covarde" por sua atuação durante a pandemia de Covid-19.
Críticas ao isolamento social e à gestão da pandemia
Durante o evento, Bolsonaro relembrou sua oposição às medidas de isolamento social adotadas por muitos governadores durante a pandemia. A fala de Bolsonaro reflete sua postura desde o início da crise sanitária, quando ele se colocou como um dos principais críticos ao fechamento de comércios, escolas e à implementação de quarentenas. Segundo Bolsonaro, essas medidas trouxeram consequências desastrosas para a economia do país.
"Nós, na pandemia, fizemos o que tinha que ser feito. Fui contra governadores que falavam 'fiquem em casa, a economia a gente vê depois'. Governador covarde! Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir do vírus", disse o ex-presidente, com o público presente gritando em coro o nome de Ronaldo Caiado.
Apoio a Fred Rodrigues e críticas a Sandro Mabel
O comício em questão foi organizado para apoiar Fred Rodrigues, candidato do PL à Prefeitura de Goiânia, que tem o respaldo de Bolsonaro e do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO). Em sua fala, Bolsonaro deixou claro que, para ele, Fred é o único candidato da direita que pode representar os ideais conservadores na disputa pela prefeitura.
"O Fred é o único candidato da direita nessa disputa. Ele vai trazer de volta os valores que tanto lutamos para defender", afirmou Bolsonaro, sendo aplaudido pelos presentes.
O ex-presidente também aproveitou a oportunidade para criticar Sandro Mabel, o candidato apoiado por Caiado. Mabel, ex-deputado federal e empresário do setor alimentício, é conhecido por ser parte da família fundadora da marca de biscoitos Mabel, algo que Bolsonaro fez questão de mencionar durante seu discurso, de forma irônica.
"O candidato da bolachinha e da rosquinha tem vídeo dele elogiando Dilma Rousseff, dizendo que ela foi uma boa gestora. 2014, 2015, sem crise nenhuma no Brasil. Essa presidente conseguiu a proeza de desempregar 13 milhões de pessoas no Brasil", disparou Bolsonaro, referindo-se ao período em que Dilma Rousseff estava à frente do governo e a crise econômica que se seguiu.
O contexto da rivalidade entre Bolsonaro e Caiado
A relação entre Jair Bolsonaro e Ronaldo Caiado tem sido marcada por tensões desde o início da pandemia de Covid-19. Durante os primeiros meses da crise sanitária, Caiado, que até então era um dos aliados de Bolsonaro, rompeu publicamente com o ex-presidente, criticando a postura do governo federal em relação às medidas de contenção da pandemia. O governador de Goiás defendeu o isolamento social como forma de salvar vidas, o que o colocou em rota de colisão com Bolsonaro, que priorizava a manutenção das atividades econômicas.
Em março de 2020, Caiado chegou a declarar que "Bolsonaro não era mais uma referência" para ele, após o ex-presidente minimizar a gravidade da pandemia em um pronunciamento em rede nacional. Desde então, as trocas de farpas entre ambos têm sido constantes, tanto nos bastidores da política quanto em declarações públicas.
Impacto político das declarações
As críticas de Bolsonaro a Caiado e a Mabel têm um objetivo claro: reforçar a narrativa de que ele e seus aliados representam a verdadeira direita conservadora no Brasil, enquanto os oponentes estão alinhados com políticos que, segundo Bolsonaro, adotaram políticas desastrosas para o país. Ao chamar Caiado de "covarde", o ex-presidente busca desqualificar a atuação do governador durante um dos momentos mais críticos da história recente do país.
A estratégia de Bolsonaro parece ser a de polarizar ainda mais o cenário político em Goiânia, dividindo os eleitores entre aqueles que apoiam sua visão de governo e os que se alinham com Caiado e Mabel. Essa tática de confronto, que foi uma marca registrada de sua campanha à presidência em 2018, continua sendo uma de suas principais armas para mobilizar seu eleitorado.
Repercussão das críticas
As declarações de Bolsonaro tiveram grande repercussão, tanto no meio político quanto nas redes sociais. Seus apoiadores elogiaram a postura firme do ex-presidente, enquanto seus opositores criticaram o que consideram ser um ataque injusto a um governador que, na visão deles, atuou de maneira responsável durante a pandemia.
Em resposta às críticas, Ronaldo Caiado não se pronunciou diretamente, mas aliados do governador destacaram que sua gestão durante a pandemia foi guiada por critérios técnicos e científicos, sempre com o objetivo de proteger a saúde da população goiana.
Já Sandro Mabel, alvo dos ataques de Bolsonaro, também não respondeu diretamente às críticas, mas fontes próximas ao ex-deputado afirmam que ele prefere focar em propostas para o desenvolvimento de Goiânia, em vez de se envolver em "trocas de acusações".
A disputa pela Prefeitura de Goiânia
A disputa pela Prefeitura de Goiânia promete ser acirrada, com Fred Rodrigues, apoiado por Bolsonaro, e Sandro Mabel, com o apoio de Caiado, despontando como os principais candidatos. A influência de figuras políticas de peso, como o ex-presidente e o governador, certamente terá impacto nas eleições, especialmente em um cenário em que a polarização está cada vez mais presente no Brasil.
O apoio de Bolsonaro a Fred Rodrigues é visto como uma tentativa de manter sua influência no cenário político goiano, enquanto o apoio de Caiado a Mabel é interpretado como uma continuidade de sua estratégia de se afastar do bolsonarismo e consolidar seu próprio grupo político no estado.
Conclusão
O comício realizado em Goiânia mostrou que Jair Bolsonaro continua sendo uma figura central na política brasileira, especialmente em disputas locais onde seu apoio pode ser decisivo. Ao atacar Ronaldo Caiado e Sandro Mabel, o ex-presidente reforçou sua estratégia de polarização, buscando consolidar o eleitorado de direita em torno de seus aliados.
As críticas a Caiado, chamando-o de "covarde" por sua atuação durante a pandemia, demonstram que a relação entre ambos dificilmente será reparada, o que pode influenciar o cenário político em Goiás nos próximos anos. Enquanto isso, a disputa pela Prefeitura de Goiânia segue aquecida, com Fred Rodrigues e Sandro Mabel despontando como os principais candidatos, em um cenário marcado por fortes divisões ideológicas e políticas.
Palavras-chave para auto CPC: Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado, comício, pandemia Covid-19, isolamento social, Fred Rodrigues, Sandro Mabel, eleições Goiânia 2024, direita conservadora, União Brasil.